31 março 2007

Bela campanha


Seguindo o formato de comunicação chocante que muitas entidades não governamentais têm usado nas campanhas em defesa do meio-ambiente, a ONG Peta, que busca diminur os abusos contra animais no mundo todo, e a atriz e modelo polonesa Joanna Krupa, lançaram uma campanha contra a utilização de peles de animais. Eu, particularmente, gostei da idéia.



Fontes: http://www.furisdead.com/feat-joannakrupa.asp

http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2007/jan/21/73.htm

29 março 2007

Verissimo

A coluna de hoje de Luis fernando Verissimo para a Gazeta do povo tem tudo a ver com a Alegoria da Caverna, confiram:

"Em inglês há uma expressão bonita para dar-se conta, ter uma revelação, entender. "It dawned on me". Amanheceu em mim. Descreve o sentimento de subitamente ver com clareza o que antes era obscuro como uma aurora interior. Idéias amanhecem dentro de nós. Os olhos de uma pessoa se iluminarem quando ela tem uma percepção nova não é um clichê literário, é a luz deste alvorecer saindo pelos olhos. Não sei se existe expressão parecida em outras línguas, mas ela deveria ser universal. Afinal, sua origem é a experiência mais comum da humanidade desde que ela viu sua primeira aurora, a do sol afastando as trevas, a da noite dando lugar ao dia e à sua maior dádiva, que é a de nos permitir enxergar. O amanhecer é uma metáfora pronta, e reincidente. A usamos para escrever a História: o Renascimento como um novo dia depois da noite medieval, o Iluminismo como o sol resgatando o espírito humano das sombras da ignorância e da superstição etc. Mas tanto como figura de linguagem quanto como alegoria histórica, todo amanhecer tem sua conseqüência, também reincidente e inescapável. Nenhum dia é para sempre, todo amanhecer anoitece. Não importa quantas auroras pessoais você experimentar, e quantas revelações e verdades vierem iluminá-lo por dentro, elas não são permanentes, nem farão muita diferença fora da sua pele. A lição do mundo é que as auroras não pegam. O que se vê aí fora, com os vários fundamentalismos em conflito, as religiões recaindo nos seus hábitos, sem trocadilho, mais retrógrados e as pessoas se retribalizando na proporção exata em que o dinheiro que as governa se globaliza e acreditando em feitiços cada vez mais estranhos, não é exatamente no que se esperava que desse a Idade da Razão. Antes parece ser um fim de dia. Que noite está por vir, ninguém sabe."

28 março 2007

27 março 2007

Racionais

Um homem na estrada recomeça sua vida.
Sua finalidade: a sua liberdade. Que foi perdida, subtraída;
e quer provar a si mesmo que realmente mudou,
que se recuperou e quer viver em paz, não olharpara trás,
dizer ao crime: nunca mais!
Pois sua infância não foi um mar de rosas, não.
Na feben, lembranças dolorosas, então.
Sim, ganhar dinheiro, ficar rico, enfim.
Muitos morreram sim, sonhando alto assim,
me digam quem é feliz, quem não se desespera, vendo nascer seu filho no berço da miséria.
Um lugar onde só tinham como atração, o bar, e o candomblé pra se tomar a benção.
Esse é o palco da história que por mim será contada....um homem na estrada.
(...)
Vão invadir o seu barraco, "é a polícia"!
Vieram pra arregaçar, cheios de ódio e malícia,
filhos da puta, comedores de carniça!
Já deram minha sentença e eu nem tava na "treta",
não são poucos e já vieram muito loucos.
Matar na crocodilagem, não vão perder viagem,
quinze caras lá fora, diversos calibres,
e eu apenas com uma "treze tiros" automática.
Sou eu mesmo e eu, meu Deus e o meu orixá.
No primeiro barulho, eu vou atirar.
Se eles me pegam, meu filho fica sem ninguém,
e o que eles querem: mais um "pretinho" na febem.
Sim, ganhar dinheiro ficar rico enfim,
a gente sonha a vida inteira e só acorda no fim,
minha verdade foi outra, não dá mais tempo pra nada... bang! bang! bang!

26 março 2007

Blog do Mino

Não importa quão mal o país pode estar. Hoje não estou nem ai para aquecimento global ou para a corrupção. Tão pouco se o Atlético acabou de ser goleado. O que interessa é que encontrei o blog do Mino Carta. Muito, mas muito bom mesmo.
Indico estas em especial:
Uma entrevista com FHC, 31/01; (muito boa)
Miriam e os plebiscitos, do dia 16/02; (o melhor de todos)
Sobre o PIB, do dia 01/03; (muito, muito boa)
Lição de medievalismo, do dia 14/03; (boa)
Representante de Deus? do dia 14/03; (excelente)
Democratização? Como?, do dia 15/03; (mais, que mais que excelente)
Veremos o que veremos, do dia 16/03;
Nem Voltaire imaginaria, do dia 22/03;
O nosso BC, do dia 23/03; (mais que excelente)
Silêncio ensurdecedor, do dia 26/03;
Efeitos diferentes, do dia 26/03;
República democrática?, do dia 27/03.

25 março 2007

The lunatic is in my head

Grande show. Mais um que renova o espírito.

"(...)
The lunatic is in the hall.
The lunatics are in my hall.
The paper holds their folded faces to the floor
And every day the paper boy brings more.

And if the dam breaks open many years too soon
And if there is no room upon the hill
And if your head explodes with dark forebodings too
I'll see you on the dark side of the moon.

The lunatic is in my head.
The lunatic is in my head
You raise the blade, you make the change
You re-arrange me 'till I'm sane."

(...)
And if the band you're in starts playing different tunes
I'll see you on the dark side of the moon.

I can't think of anything to say except...
I think it's marvellous! HaHaHa!"

22 março 2007

Dia Mundial da Água

Hoje é o Dia Mundial da Água. Nesse planeta que possui dois terços da sua superfície coberto por água, 97% dela está nos mares. Do resto, 90% está congelado (ou descongelando) nas geleiras. O pouco que sobra é o que temos como essencial para todas as formas de vida. A escassez de água, como já destacado nesse blog, é um dos graves problema ambientais da humanidade. Por isso, hoje é um dia que não se tem muito o que comemorar.
Segundo dados da Envolverde - Revista Digital de Ambiente, Educação e Cidadania "pouco mais de um bilhão de pessoas não contam com suficiente água potável para suas necessidades básicas diárias e 2,6 bilhões carecem de saneamento, segundo a Organização Mundial da Saúde e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Até 2025, 1,8 bilhão de pessoas viverão em países ou regiões com total falta de água e dois em cada três sentirão sua escassez, segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação. As pessoas já afetadas estão dentro das zonas mais pobres do planeta, e mais da metade mora na China e Índia, de acordo com estimativas da ONU.A atividade agrícola é a que mais gasta este recurso, e utiliza cerca de 70% da água doce extraída de lagos, rios e aqüíferos. Porém, essa porcentagem se aproxima de 90% em várias nações em desenvolvimento, onde ficam quase três quartos de todas as terras irrigadas do mundo. A maioria dos países do Oriente Médio e da África do norte sofrem uma grave escassez de água, assim como México, Paquistão, África do Sul e grandes extensões da China e da Índia.
(...) A água não potável é a principal causa de doenças e da má qualidade de vida. A diarréia e a malária causaram as mortes de, aproximadamente, 3,1 milhão de pessoas em 2002, 90% crianças menores de 5 anos, segundo a OMS. Essa agência estima que cerca de 1,6 milhão de pessoas poderiam se salvar por ano se contassem com água potável, saneamento e condições de higiene. Persistindo essa tendência, a ONU-Água alerta que, por exemplo, na África subsaariana não se atingirá em 2015 a meta dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio que diz: assegurar a sustentabilidade ambiental e reduzir pela metade a proporção de pessoas sem acesso à água potável e sem saneamento".

21 março 2007

Escola Integrada

Enquanto o governo tucano de São Paulo sofre com graves problemas no sistema educacional, Minas dá um bom exemplo sobre o mesmo tema. Gilberto Dimenstein, em sua pensata da Folha de São Paulo, noticia uma revolução no ensiono fundamental público em Belo Horizonte-MG.
"Conduzida pela Prefeitura de Belo Horizonte, essa experiência (a Escola Integrada) visa aumentar a jornada escolar usando os mais variados espaços da cidade, a começar do bairro - clubes, parques, praças, museus, cinemas. O funcionamento é bem simples.Graças a uma parceria com dez universidades mineiras, estudantes de diferentes faculdades fazem atividades com os alunos nos espaços comunitários."
Vamos torcer para o exemplo ser seguido.

20 março 2007

O trabalho dignifica o homem?

Recomendo a leitura desse texto de Marcelo Trasel comentando uma coluna da revista Carta Capital. O discurso é sobre o trabalho, sua necessidade e sua finalidade. Será mesmo que a máxima do capitalismo que 'o trabalho dignifica o homem' é verdadeira, ou é mera ideologia e conveniência para manter a sociedade de consumo? Esses trabalhos que, em geral, são repetitivos, alienantes, exaustivos e mal pagos, realmente podem dignificar um homem? Questionar sobre o que é mais importante: viver bem ou trabalhar muito deveria ser a grande questão, não?
Site Martelada

"Os homens produzem idéias ou representações pelas quais procuram explicar e compreender sua própria vida individual, social, suas relações com a natureza e com o sobrenatural. Essas idéias ou representações, no entanto, tenderão a esconder dos homens o modo real como suas relações sociais foram produzidas e a origem das formas sociais de exploração econômica e de dominação política. Esse ocultamento da realidade social chama-se ideologia. Por seu intermédio, os homens legitimam as condições sociais de exploração e de dominação, fazendo com que pareçam verdadeiras e justas."

19 março 2007

Swaha

Parece auto-ajuda, mas a frase contém uma grande profundidade:

"Nada é tão ruim que não traga alguma coisa de bom."
Swaha

Na pior das hipóteses, algo muito ruim traz, ao menos, experiência para alguém.

13 março 2007

Transposição

Muito bom o texto de Leonardo Boff.
Segue algumas partes:
"O governo, através do Ministério da Integração Nacional, declarou que "vai sair do campo da retórica" e já vai proceder a licitação das obras, orçadas nesta etapa em R$ 100 milhões, em vista da transposição do Rio São Francisco. Derrubadas as liminares na Justiça, dissuadido o bispo que fez greve de fome (dom Luiz Flávio Cappio) e com o discutível aval do Instituto Brasileiro de Agricultura e Meio Ambiente (Ibama), pretende o governo realizar agora a transposição. O argumento de base é emocional: "Não se pode negar uma caneca de água a 12 milhões de vítimas da seca". É exatamente no afã de dar água ao triplo de vítimas da seca que se deve questionar o projeto. Baseio meus dados num artigo publicado no dia 23 de fevereiro, em O Estado de São Paulo, do respeitável jornalista Washington Novaes: Um novo desfile e a mesma fantasia e em outras fontes."
Fonte: leia na integra no site Agência Carta Maior, em 13/03/2007.

12 março 2007

Eita democracia

A coluna de Nelson Ascher para a Folha de hoje é algo incrível. Ele, junto com o Mainardi, podiam formar a dupla de ataque do time republicano brasileiro (que está mais para o nosso novo PD). Vejo o Olavo de Carvalho encaixado na meia-cancha desse time - ia rolar um ótimo entrosamento. Podiam aproveitar uns petrodolares do Bush para chamar o Sarney de técnico. Dai pronto, com mais uns guapecas já podiam jogar o paranaense. Mas voltando a questão da coluna... tá certo, o rapaz escreve muito bem. Li uma outra matéria - O jeans da intelectualidade - em que ele é arrogante, mas faz algumas (poucas) críticas interessantes e reais. Já na coluna de hoje ele brincou com a paciência.
Vou citar uma parte para vocês sentirem o drama:
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(...) ciência envolvida (com o aquecimento global) é complexíssima não apenas para os leigos interessados, mas inclusive para os peritos de outras áreas. E, ainda assim, convém aos leigos colocar perguntas mais informadas e também interferir mais no processo decisório que vem depois da ciência. Por quê? Porque a questão do aquecimento global em seu conjunto e nas suas conseqüências transcende a ciência. Ela é política nos seus menores detalhes. Digamos que o ritmo do aquecimento seja um fato inconteste e, mais, que sua principal razão seja o uso de combustíveis fósseis pelo ser humano. Digamos que a ciência e os modelos utilizados sejam muito melhores do que aqueles que, poucas décadas atrás, prometiam-nos uma nova glaciação ou a exaustão dos recursos naturais. Mesmo assim, a resposta à pergunta "o que fazer agora?" não pertence somente aos cientistas nem pode ser delegada a organizações internacionais ou transnacionais, como a ONU, que não contam com nenhuma medida de legitimidade democrática. Entregar-lhes a solução de qualquer problema rende em geral dois resultados paralelos, ambos negativos, a saber, a perpetuação do problema posto e a criação de um novo, que é o fortalecimento dessas instituições em detrimento das raras ainda democráticas que existem no âmbito de uma minoria de países.
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É lógico que a questão do aquecimento global é política. É algo que interfere em tudo e em todas as regiões. Qualquer ser vivo sofre e sofrerá seus prejuízos e por isso só pode ser competência da ONU. O pior é quando coloca os 'Digamos'. Levá-nos a supor que ele não acredita que algo está errado na natureza e que esse fator não é causado pelo modo de vida do ser humano. E mais, ele também deixa questionável a própria ciência que vem apresentando estudos e conclusões confirmando o aquecimento e seus danos. Então eu me pergunto: da onde esse rapaz tira suas grandes conclusões para contrariar a ciência?

08 março 2007

Falta mulher no mundo

Que o mundo aproveite o dia de hoje para perceber a necessidade de desenvolvimento do lado feminino da humanidade.
Vejo que a revolução sexual, o feminismo e os novos tempos, fizeram com que as mulheres quisessem tomar atitudes masculinas.
Não é por ai. Elas já têm seu lugar garantido, mas o seu papel é muito diferente. O feminino sempre equilibrou o mundo das ações negativas dos homens. Por isso, nós precisamos de mulheres femininas. São elas que, com seus sentimentos, carinhos e lágrimas, dão beleza a vida. O planeta masculino já não deu certo. Está tudo absolutamente errado e só vai piorar caso as mulheres sigam nossos exemplos. No meu entender, só através delas podemos ter esperança. O mundo dos homens é feito de guerra, razão, auto-afirmação e ciência. O das mulheres pode ser de paz, sentimento, integração e arte. E então, o mundo está mais masculino ou feminino? Tenho certeza que o lado bom de nós é fêmea - peço que isso não seja esquecido.
Vai chegar o momento delas, não tenho dúvidas. O homem vai cair morto pelas suas próprias pragas. Mas que nos vençam sem perder suas qualidades. Não entrem no jogo dos homens porque assim vão se perder junto conosco. Hoje precisamos muito mais do Yin, por isso podem esqueçar o Yang.
Parabéns a todas as mulheres pelo seu dia. E não esqueçam o quanto o mundo precisa de sua autenticidade.

06 março 2007

Magritte

Ceci n´ets pas une pipe, ou Isso não é uma cachimbo, pintura de René Magritte
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Essas obras de René Magritte explicam bem uma parte do pensamento de Baudrillard. Quando ele faz uma pintura extremamente realista, retratando uma maçã ou um cachimbo, também nos lembra que aquilo não é uma maçã e tampouco um cachimbo. São simples signos que remetem ao real. Da mesma maneira ocorre quando olhamos uma fotografia. Baudrillard vai mais fundo no seu pensamento. Ele defende a idéia de que nossa realidade foi substituída pelos signos, que não sabemos mais reconhecer o que é realidade ou signo e, por isso, nos tornamos tão superficiais. Deixamos de ser reais, para ter uma vida virtual ou de aparências. Não é mais necessário ter aventuras, as pessoas podem ver um filme; não é mais preciso viajar, as pessoas navegam pela internet; não é mais preciso viver, elas vivem a novela que assistem. Dai podemos entender algumas das causas da valorização extrema da vaidade, do individualismo e da apatia da sociedade pós-moderna.
Para que fique melhor explicado, vou citar o professor de filosofia André Duarte:
"a mídia elege certas pessoas - à primeira vista, reais - e fotografa-as. A partir do momento em que a foto é feita, não estamos lidando mais com pessoas reais, porque a tecnologia permite que as fotos sejam manipuladas. Quando a revista vai para a banca, a fotografia está simulando uma realidade que não é real - e vai gerar impacto em todos os consumidores, que vão querer igualar-se ao que não existe".

Um a menos na luta

Dia triste para a filosofia mundial. Hoje faleceu o pensador francês Jean Baudrillard. Como grande estudioso da sociedade pós-moderna, foi uma das vozes mais críticas à vida de aparências - vida sem profundidade - e que é envolta por máscaras sociais (ou simulácros). Segundo ele, todas as nossas representações (palavras ou pensamentos) são simples simulações do que é a verdade ou a realidade, que surgem influenciadas através dos mais variados signos.
Destaco algumas partes de uma entrevista que ele concedeu para a revista Época, em 2003.
"Sou um dissidente da verdade. Não creio na idéia de discurso de verdade, de uma realidade única e inquestionável. Desenvolvo uma teoria irônica que tem por fim formular hipóteses. Estas podem ajudar a revelar aspectos impensáveis. Procuro refletir por caminhos oblíquos. Lanço mão de fragmentos, não de textos unificados por uma lógica rigorosa. Nesse raciocínio, o paradoxo é mais importante que o discurso linear. Para simplificar, examino a vida que acontece no momento, como um fotógrafo. Aliás, sou um fotógrafo.
(...)
Os signos evoluíram, tomaram conta do mundo e hoje o dominam. Os sistemas de signos operam no lugar dos objetos e progridem exponencialmente em representações cada vez mais complexas. O objeto é o discurso, que promove intercâmbios virtuais incontroláveis, para além do objeto. No começo de minha carreira intelectual, nos anos 60, escrevi um ensaio intitulado 'A Economia Política dos Signos', a indústria do espetáculo ainda engatinhava e os signos cumpriam a função simples de substituir objetos reais. Analisei o papel do valor dos signos nas trocas humanas. Atualmente, cada signo está se transformando em um objeto em si mesmo e materializando o fetiche, virou valor de uso e troca a um só tempo. Os signos estão criando novas estruturas diferenciais que ultrapassam qualquer conhecimento atual. Ainda não sabemos onde isso vai dar.
(...)
Alguma coisa se perdeu no meio da história humana recente. O relativismo dos signos resultou em uma espécie de catástrofe simbólica. Amargamos hoje a morte da crítica e das categorias racionais. O pior é que não estamos preparados para enfrentar a nova situação. É necessário construir um pensamento que se organize por deslocamentos, um anti-sistema paradoxal e radicalmente reflexivo que dê conta do mundo sem preconceitos e sem nostalgia da verdade. A questão agora é como podemos ser humanos perante a ascensão incontrolável da tecnologia.
(...)
O fato, porém, é que Matrix faz uma leitura ingênua da relação entre ilusão e realidade. Os diretores se basearam em meu livro Simulacros e Simulação, mas não o entenderam. Prefiro filmes como Truman Show e Cidade dos Sonhos, cujos realizadores perceberam que a diferença entre uma coisa e outra é menos evidente. Nos dois filmes, minhas idéias estão mais bem aplicadas. Os Wachowskis me chamaram para prestar uma assessoria filosófica para Matrix Reloaded e Matrix Revolutions, mas não aceitei o convite. Como poderia? Não tenho nada a ver com kung fu. Meu trabalho é discutir idéias em ambientes apropriados para essa atividade.
(...)
A arte se integrou ao ciclo da banalidade. Ela voltou a ser realista, a desejar a restituição da reprodução clássica. A arte quer cumplicidade do público e gozar de um status especial de culto, situação prefigurada nas sinfonias de Gustav Mahler. Claro que há exceções, mas, em geral, os artistas se renderam à realidade tecnológica. Desde os ready-mades de Marcel Duchamp, a importância da arte diminuiu, porque a obra de arte deixou de ter um valor em si. Os signos soterraram a singularidade. Os artistas se submetem a imperativos políticos, e não mais seguem ideais estéticos. A arte já não transforma a realidade e isso é muito grave."
Adorei também a devinição da sociedade americana, quando a define como uma sociedade com "dualismos maniqueístas, um país que se construiu a partir das simulações, um deserto da cultura no qual o vazio é tudo. Os Estados Unidos são o grau zero da cultura, possuem uma sociedade regressiva, primitiva e altamente original em sua vacuidade."

Ceci n´ets pas une pomme, ou Isso não é uma maçã, pintura de René Magritte

05 março 2007

Aborto e Drogas

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, deu uma demonstração de coragem ao colocar em discussão perante uma sociedade tão conservadora como a brasileira, temas polêmicos como o aborto e a descriminalização de drogas leves para conter a violência. A questão do aborto é proveniente de pesquisas com famílias humildes (normalmente quando se tem um filho indesejado, este estará ainda mais propenso a receber maus tratos e a se tornar um adolescente violento). Há muito, alguns jornalistas e teóricos defendem a última opinião de Sérgio Cabral como forma de diminuir o poder do tráfico, que é o causador - ou financiador-, principal, da violência urbana. Agora que o tema foi levantado, não se pode deixá-lo cair novamente no esquecimento. O Brasil tem condições de diminuir a violência, mas para isso é preciso deixar de lado o conservadorismo, conversar e debater muito, para que se chegue a ações inovadoras, concretas e coerentes.
A defesa que faço não é pela legalização do aborto ou a descriminalização das drogas, mas sim pelo direito e pelo dever de que se debatam temas que são urgentes para mudança da nossa realidade.
Mais informações:

02 março 2007

Guerras constantes

Regiões do Globo onde atualmente ocorrem conflitos armados.
(esqueceram de incluir as grandes cidades brasileiras)


Faço minhas as palavras desse advogado americano:

"Eu apelo para o futuro. Eu apelo para uma época em que o ódio e a crueldade não mais controlarão os corações dos homens. Época em que poderemos aprender através da razão, do bom senso, do entendimento e da fé, que cada vida vale a pena ser salva e que a compaixão é o maior atributo do homem."
Clarence Darrow