28 fevereiro 2009

A beleza da insegurança

A vida é basicamente insegura. Essa é a sua qualidade intrínseca. Nada pode mudar isso.A morte é segura, absolutamente segura. No momento em que você escolhe a segurança, sem saber, está escolhendo a morte.
No momento em que escolhe a vida, está escolhendo a insegurança.
Com a segurança, com o conhecido, você fica entediado. Começa a ficar entorpecido.
Com a insegurança, com o desconhecido, com o inexplorado, você se sente extasiado, belo, criança novamente — mais uma vez aqueles olhos de admiração, mais uma vez aquele coração capaz de se maravilhar.

Osho

25 fevereiro 2009

Vida ao contrário


A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso.
Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade.
Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?
Charles Chaplin

Crise


"Vou fazer um slideshow para você.
Está preparado?
É comum, você já viu essas imagens antes.
Quem sabe até já se acostumou com elas.
Começa com aquelas crianças famintas da África.
Aquelas com os ossos visíveis por baixo da pele.
Aquelas com moscas nos olhos.
Os slides se sucedem.
Êxodos de populações inteiras.
Gente faminta.
Gente pobre.
Gente sem futuro.
Durante décadas, vimos essas imagens.
No Discovery Channel, na National Geographic, nos concursos de foto.
Algumas viraram até objetos de arte, em livros de fotógrafos renomados.
São imagens de miséria que comovem.
São imagens que criam plataformas de governo.
Criam ONGs.
Criam entidades.
Criam movimentos sociais.
A miséria pelo mundo, seja em Uganda ou no Ceará, na Índia ou em Bogotá sensibiliza.
Ano após ano, discutiu-se o que fazer.
Anos de pressão para sensibilizar uma infinidade de líderes que se sucederam nas nações mais poderosas do planeta.
Dizem que 40 bilhões de dólares seriam necessários para resolver o problema da fome no mundo.
Resolver, capicce?
Extinguir.
Não haveria mais nenhum menininho terrivelmente magro e sem futuro, em nenhum canto do planeta.
Não sei como calcularam este número.
Mas digamos que esteja subestimado.
Digamos que seja o dobro.
Ou o triplo.
Com 120 bilhões o mundo seria um lugar mais justo.
Não houve passeata, discurso político ou filosófico ou foto que sensibilizasse.
Não houve documentário, ONG, lobby ou pressão que resolvesse, mas em uma semana, os mesmos líderes, as mesmas potências, tiraram da cartola 2.2 trilhões de dólares (700 bi nos EUA, 1.5 tri na Europa) para salvar da fome
quem já estava de barriga cheia. Bancos e investidores."
Mentor Muniz Neto, publicitário

24 fevereiro 2009

Eu puxo o seu cabelo... ... Faço o que você gosta ... ...

Música estimula vida sexual dos jovens, diz estudo

Um estudo conduzido por pesquisadores americanos sugere que adolescentes que escutam músicas de conteúdo sexual depreciativo têm uma vida sexual mais ativa.

A equipe da Universidade de Pittsburgh entrevistou 711 jovens dos 13 aos 18 anos de idade sobre suas vidas sexuais e hábitos musicais.

Eles perceberam que os que ouviam músicas com versos sobre sexo explícito e agressivo regularmente, cerca de 17 horas por semana, tinham o dobro das chances de fazer mais sexo do que os que ouviam músicas apenas 2,7 horas no mesmo período.

Os especialistas classificaram como letras vulgares as que descrevem o sexo como um ato puramente físico e relacionado a relações de poder, diz o estudo divulgado na publicação especializada " American Journal of Preventive Medicine".

BBC Brasil

19 fevereiro 2009

Ateu

Confesso: eu acredito viver no melhor universo possível.

Não suportaria existir em um universo regido por uma força divina misteriosa e caprichosa.

Não suportaria saber que minha alma viverá eternamente, em eterno prazer ou sofrimento, baseado no que fiz ou deixei de fazer nesses poucos anos terrenos, e com base em critérios inescrutáveis.

Não suportaria saber que vou seguir nascendo e renascendo, quase que infinitamente, mas sem lembrar de nada!

Se existe deus, então a vida não tem nenhum sentido. Quem tem sentido é deus e o nosso sentido provém dele. Não somos mais do que suas cobaias, manipulados daqui pra lá, correndo como hamsters naquelas rodinhas, ignorantes de seus verdadeiros propósitos. Ao seu bel-prazer, somos mortos, escravizados, santificados, até mesmo afogados em massa, quando falha o experimento.

Se existe deus, então todos os esforços da humanidade para se entender e se auto-gerir, toda a ciência e toda a filosofia, de nada valem. Se existe deus, então não existe ética ou moralidade: somente adequação, ou não, às regras impostas pela divindade.

Se existe deus e temos o livre-arbítrio, então o arbítrio, de livre, não tem nada. É uma dádiva da qual só desfrutamos porque nos foi concedida e pode ser tirada tão facilmente quanto foi dada.

Já disseram que, se deus não existe, então tudo é permitido. Mas se deus existe, por outro lado, então, não vale a pena fazer nada, pois nada faz sentido.

Um leitor questiona:

"Para mim, a grande questão não é se deus existe ou não, mas se nós vamos de alguma maneira continuar existindo depois da morte. Eu acredito que vamos continuar, de alguma maneira. Tenho que acreditar. Porque se não vamos, o que é essa vida senão um sonho? Aí é que ela, vida, não tem mesmo sentido, propósito nenhum. Se não há sentido para quê continuar? Por que não dar um tiro na cabeça daqui a cinco minutos (quando terminar o café)?"

Eu não dou um tiro na cabeça agora porque (além de não ter uma arma) quero saber o fim da novela, porque ainda há uns dois mil livros que eu quero ler e umas cem mulheres que quero comer, porque eu quero assistir os próximos filmes do Almodóvar pra saber o que esse louco vai aprontar, porque ainda falta eu escrever no mínimo uma dúzia de livros que tenho dentro de mim, e etc etc. Será que tudo isso não é motivo suficiente pra não se enfiar uma bala na cabeça?

Talvez deus realmente exista. Sinto calafrios com essa possibilidade mas, sim, talvez sejamos todos somente marionetes em seu projeto cósmico.

Mas, se não podemos ter liberdade, melhor a ilusão da liberdade do que nada.

Sou ateu não por ter concluído, após cuidadosa análise das evidências empíricas, que não existe base factual para sustentar a existência de deus.

Sou ateu porque eu só poderia existir e funcionar como ser humano em um universo sem deus.

Sou ateu porque preciso.
Alex Castro

18 fevereiro 2009

Irresistível

Era como andar às cegas num pântano, ou quem sabe, equilibrar-se precariamente numa corda bamba. Incrível como reencontrá-la, encarar aqueles olhos oblíquos, inescrutáveis, admirar aquele sorriso velado, falsamente ingênuo, lhe causava uma desconfortável inquietude.
Um frio percorreu sua espinha e ele sentiu medo, ao mesmo tempo, uma insana e diabólica atração o impedia de recuar, e ele se perguntou: porque nos tornamos, assim, por vezes, vítimas de nós mesmos?
Paralisou como se o tempo e seus sentidos houvessem sido tragados por um vácuo.
Segundos após, atônito, percebia suas mãos descendo febris e deslizando por aquele corpo, como um caçador que aventura-se por uma mata escura e conhecida, mas não menos perigosa e repleta de armadilhas.
Assim lançou-se sobre ela, como escravo de um sortilégio, cego, faminto e voraz.

E ela o recebeu, doce, úmida e ardente.
E aplacou todas as suas angústias.
E saciou todas as suas fomes.

Eroti-Cidades

17 fevereiro 2009

A má notícia

Em termos de sobrevivência e proliferação, a espécie humana é um sucesso sem precedentes. Nenhuma outra espécie com a mesma proporção de peso e volume se iguala à nossa. Beiramos os oito bilhões (só no tempo gasto para escrever isto nasceram mais alguns milhares) e o nosso habitat natural é a Terra toda, seja qual for o clima ou a vegetação. Como conseguimos controlar a produção do nosso próprio alimento, somos a primeira espécie na história do planeta a poder viver fora do seu ecossistema de nascença. Isso nos permite multiplicar-nos como nenhum outro bicho de tamanho equivalente, e nos deu a mobilidade e a consequente sociabilidade – em nenhuma outra espécie as diferentes categorias se intercasalam como na nossa – que nos salvou do processo de seleção que limitou as outras, dependentes de ecossistemas restritos. Por isso não evoluímos muito, mas também não nos extinguimos.

A técnica também nos salvou das regras implacáveis da seleção natural. Mutações que decretariam o fim de outra espécie em poucas gerações na espécie humana são corrigidas, ou compensadas, pela técnica. Exemplo: a visão. O homem urbano tem visão inferior à dos seus ancestrais caçadores e catadores. Como só precisamos de visão suficiente para distinguir as embalagens no supermercado, enxergamos menos do que quem precisava descobrir comida no mato. A oftalmologia se encarregou de corrigir nossa degeneração visual. Graças à técnica, nossa espécie hoje enxerga até no escuro.

Esta é a boa notícia. A má notícia é que chegamos onde estamos consumindo tudo à nossa volta e hoje somos tantos que também nos transformamos em recurso consumível. Estamos, mesmo, a caminho de estabelecer uma monocultura de carne humana que superará em valor calórico todas as outras fontes de alimento disponíveis sobre a Terra. Em 10 mil anos de ingestão de comida cultivada, mesmo descontando o fato que a maioria só comia para subexistir, fomos ficando cada vez mais nutritivos e apetitosos. Hoje, gente é o principal exemplo de recurso subexplorado do planeta. Seguindo as leis impiedosas da evolução, as comunidades virais e bactereológicas fatalmente se transformarão para nos incluir, cada vez mais, na sua dieta. Já que estamos aí, aos bilhões, literalmente dando sopa.

Era a minha contribuição para estragar o seu dia, hoje. Obrigado.

Luis Fernando Verissimo

16 fevereiro 2009

Drogas e Democracia

A descriminalização da posse de maconha para o consumo pessoal pode ser uma das saídas para reduzir o dano que as drogas trazem à sociedade. É o que defende o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A sugestão foi dada, ontem, na abertura da 3ª Reunião da Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Democracia, no Rio de Janeiro.

A proposta está na declaração apresentada pela comissão e será levada para a próxima reunião da Organização das Nações Unidas, que será realizada em março, em Viena, na Áustria, com o objetivo de avaliar as políticas de drogas em todo o mundo.

De acordo com o relatório intitulado “Drogas e Democracia: rumo a uma mudança de paradigma”, apresentado ontem pela comissão, as políticas repressivas de combate às drogas na América Latina fracassaram. “É preciso falar com todas as letras: a guerra às drogas é fracassada”, afirma o membro da comissão e diretor executivo da organização não governamental Viva Rio, Rubem César Fernandes.

Segundo Fernandes, na última década o Brasil deixou de ser um país apenas de trânsito para se transformar em um consumidor.

De acordo com ele, ainda, a produção e o preço das drogas não diminuíram ao mesmo tempo em que aumentou a variedade delas. “O mercado de consumo funciona à revelia da repressão. Os lucros são tão altos que os traficantes conseguem absorver qualquer tipo de perda com apreensão”, afirma.

O grupo formado por 17 personalidades e liderado por Fernando Henrique Cardoso e pelos ex-presidentes César Gaviria (Colômbia) e Ernesto Zedillo (México) sugere ainda que a saída está em enfocar o consumo de drogas como um tema de saúde pública e em trabalhar na redução do uso. De acordo com o estudo, isso ajudaria a diminuir a produção e a desmantelar redes de traficantes.

Neste caminho, a nova lei anti-drogas (11.343/2006), que abrandou a punição para os usuários de drogas no Brasil, é apontada por Fernandes como um avanço. Segundo ele, entretanto, é necessário mais. “É um bom começo, mas tem de avançar mais”, diz.

(...)

A comissão argumenta que a criminalização por si não diminui a demanda, mas implica na geração de novos problemas. A entidade afirma também que o encarceramento de usuários não condiz com a realidade da América Latina, considerando a superlotação, as condições do sistema penitenciário e o fato de o continente ser o maior exportador mundial de cocaína e de maconha. A repressão pura e simples propicia a extorsão dos consumidores e a corrupção da polícia, defende a entidade.
Gazeta do Povo, em 12/02/2009

Correr de carro? Nada. Isso sim é adrenalina!


wingsuit base jumping from Ali on Vimeo.

14 fevereiro 2009

Direitos iguais


Uma joalheria na Inglaterra está vendendo anéis de noivado para homens (se considerarmos que casamento, às vezes, tem a ver com sexo, este post não foge totalmente aos temas dom blog). A porta-voz da empresa disse ao jornal que a idéia surgiu devido ao grande número de mulheres que estão pedindo seus parceiros em casamento na Inglaterra (dizem que a prática já é comum na Espanha e nos países escandinavos e está começando a bombar por lá). Comparada aos anéis femininos, a jóia até que é barata (cerca de 300 reais). Isso me fez lembrar da história que um amigo me contou, sobre um casamento surpresa para o qual ele foi convidado. Isso mesmo, a noiva resolveu fazer essa pequena surpresinha para o noivo. Fiquei imaginando o que os homens brasileiros pensariam sobre ganhar (e usar) um anel de noivado.
Fernanda Colavitti - Sexpedia

13 fevereiro 2009

Energia positiva

Independente da questão astrológica, penso que seja um bom momento de meditação e de canalização de energias positivas.
.

Estamos rapidamente aproximando da tão esperada transição para a Era de Aquário. Muito tem sido escrito sobre isto. No fundo, é a transição da humanidade da adolescência para a maturidade. Estamos deixando para trás a Era de Peixes e entrando em uma era de consciência global, radiância, intuição e cooperação, uma era que introduz equanimidade e prosperidade, acompanhada por uma evolução na nossa capacidade de perceber, pensar, sentir e intuir. Tal crescimento significa que muito necessita ser deixado para trás – antigas estruturas e formas de pensar, comunicar e viver passarão. Confusão, depressão e conflitos vão aumentar na medida que os antigos mecanismos de regimentar poder – político, religioso, social e pessoal – estarão todos lutando suas ultimas batalhas. Este período de teste e crescimento perdurará até 2038, quando o planeta e seus habitantes serão entregues a uma nova custódia e a paz terá uma oportunidade de prevalecer na terra.


No próximo dia 14/fevereiro/2009, sábado, teremos um alinhamento planetário maravilhoso. No alvorecer do dia dedicado a São Valentim (na Europa e nos EUA), o patrono do Amor, a Lua em Libra entra na sétima casa, a dos relacionamentos. Jupiter e Marte estarão alinhados no signo de Aquarius na décima segunda casa, a da transformação espiritual.
Há quarenta anos atrás, uma canção chamada Aquarius avisou-nos sobre o alvorecer da Nova Era:

"When the Moon is in the seventh house
and Jupiter aligns with Mars.
Then peace will guide the planets
and love will steer the stars"
"Quando a Lua estiver na sétima casa
e Jupiter se alinhar com Marte,
Então a PAZ guiará os planetas
e o Amor varrerá as estrelas "

No dia 14/02/2009, o Cosmos personificará esse alinhamento, em prol da manifestação coletiva de amor e paz, no alvorecer da Era de Aquarius.

Júpiter, o planeta da expansão, e Marte, o planeta da energia, estarão alinhados com um objetivo mais elevado. A presença de Quíron, o curador ferido; nos oferece a oportunidade de curar os fatos que nos separaram durante tanto tempo de nós mesmos e do todo. Netuno enfatiza os movimentos humanitários coletivos e a co-criação da justiça social. A presença do Sol ilumina esse alinhamento especial. Mercúrio, também na décima segunda casa, apenas um pouco além de
Capricórnio, alinha-se com Plutão, indicando a transformação para se comunicar e ancorar a MUDANÇA através das nossas estruturas globais e instituições. A Lua em Libra na sétima casa enfatiza o início de relacionamentos harmoniosos. Vênus em Aries, na primeira casa, energiza e dá poder à co-criatividade e ao dinamismo. Saturno, o grande mestre do trabalho em oposição à Urano, o desperto inesperado, sugere uma série de confrontações dos velhos paradigmas que não são mais sustentados, entregando-se ao novo paradigma com novas esperanças - a sua colocação entre Virgem e Peixes traz altruísmo prático e inspiração visionária nesta transição.
Durante os 18 minutos do alinhamento, convidamos você a colocar a sua intenção de AMOR e PAZ no seu coração universal, para, juntos, CO-CRIARMOS O ALVORECER DA ERA DE AQUARIUS no Cosmos.
Na forma que mais for apropriada para você, energize esse momento com suas INTENÇÕES e juntos criaremos uma onda de energia que abraçará a Mãe Terra.
O poder da mente positiva atrai cura, abundância, prosperidade e equilíbrio.

12 fevereiro 2009

Monogamia

Monogamia para iniciantes - Capítulo I do livro O Mito da Monogamia

Certa vez a antropóloga Margaret Mead sugeriu que a monogamia é o mais difícil de todos os arranjos conjugais humanos. É também um dos mais raros. Mesmo casais fiéis e há muito casados são novatos na monogamia, quer percebam ou não. Ao tentarem manter um vínculo social e sexual que consista exclusivamente em um homem e uma mulher, os aspirantes a monógamos estão contrariando algumas das inclinações evolutivas mais profundas com as quais a biologia desenvolveu a maioria das criaturas, inclusive o Homo sapiens. Como veremos, há fortes evidências de que os seres humanos não são "naturalmente" monógamos, bem como há provas de que muitos animais, que antes acreditávamos serem monógamos, não o são. Certamente, os seres humanos podem ser monógamos (e esta questão é completamente diferente de devem ser), mas não há dúvida: a monogamia é incomum - e difícil.

Como observou certa vez G. K. Chesterton sobre o cristianismo, o ideal de monogamia não foi tão testado para que possa ser considerado insatisfatório; em vez disso, foi considerado difícil e com freqüência não foi sequer tentado. Ou, pelo menos, não por muito tempo.

A culpa - se é que há alguma - está menos na sociedade do que em nós mesmos e em nossa biologia. Assim, a monogamia foi prescrita para a maioria de nós pela sociedade americana e pela tradição ocidental de modo geral; as regras oficialmente declaradas são bem claras. Devemos conduzir nossa vida romântica e sexual em pares exclusivos, no campo matrimonial designado. Mas, como no futebol, algumas pessoas saem dos limites. E não é incomum que se marque um pênalti se um juiz detecta uma violação. Para muitas pessoas, monogamia e moralidade são sinônimos. O casamento é a sanção definitiva e desviar-se da monogamia conjugal é o pecado interpessoal definitivo. Nas palavras ácidas de George Bernard Shaw: "A moralidade consiste em suspeitar de quem não é legalmente casado."

Ironicamente, porém, a monogamia em si não é nem de longe tão desagradável quanto as conseqüências de se afastar dela, mesmo que, em muitos casos, ninguém descubra. Deixando de lado os escrúpulos religiosos, a angústia da transgressão pessoal pode ser intensa (pelo menos em grande parte do mundo ocidental), e aqueles especialmente imbuídos do mito da monogamia em geral se vêem tomados de culpa, condenados, como os personagens de um conto moral puritano, a mourejar eterna e inutilmente com suas almas maculadas de adultério, com freqüência acreditando que sua transgressão não só é imperdoável como também não é natural. Para muitos outros - provavelmente a maioria - há muito arrependimento e culpa em simplesmente sentir desejo sexual por alguém que não seja o cônjuge, mesmo que esses sentimentos nunca sejam postos em prática. (...)

Se essas inclinações são equivocadas é uma questão difícil e talvez impossível de se responder. Mas, como veremos, graças aos recentes desenvolvimentos na biologia da evolução, combinados com a mais recente tecnologia, simplesmente não há nenhuma dúvida de que o desejo sexual por múltiplos parceiros é "natural". Ele é. Da mesma forma, simplesmente não há nenhuma dúvida de que a monogamia é "natural". Ela não é.

Os conservadores sociais preferem assinalar o que vêem como uma ameaça crescente aos "valores familiares". Mas eles não têm a mais vaga idéia de como essa ameaça é realmente grande ou de onde ela vem. A família monógama está definitivamente sitiada, e não pelo governo nem pelo declínio da fibra moral, e certamente não por uma ampla campanha homossexual... mas pelos ditames da própria biologia. Os infantes têm a sua infância. E os adultos? O adultério.

Se, como certa vez observou Ezra Pound (de certo modo em causa própria), os artistas são a "antena da raça", essas antenas há muito vêm se crispando com os casos extraconjugais. Se a literatura é um reflexo das preocupações humanas, então a infidelidade tem sido uma das preocupações mais compulsórias da humanidade, muito antes de os biólogos terem alguma coisa a dizer a respeito disso. A primeira grande obra da literatura ocidental, a Ilíada, de Homero, conta as conseqüências do adultério: a face de Helena lançou mil barcos e mudou o rumo da história somente depois de ter se iniciado um caso entre Helena, uma mulher casada e rainha grega, e Páris, filho do rei Príamo de Tróia. Helena em seguida deixou o marido Menelau, precipitando assim a guerra de Tróia. E na Odisséia tomamos conhecimento da volta de Ulisses daquela guerra, na qual ele matou praticamente um exército de pretendentes, cada um deles tentando seduzir sua fiel esposa, Penélope. (Aliás, o próprio Ulisses tinha se divertido com Circe, a feiticeira, mas nem por isso foi considerado adúltero. O padrão duplo é antigo e, por definição, injusto; e, no entanto, também tem sua base na biologia.)

Parece que toda grande tradição literária, pelo menos no mundo ocidental, acha especialmente fascinante explorar os fracassos da monogamia: Anna Karenina, de Tolstoi, Madame Bovary, de Flaubert, O amante de Lady Chatterley, de Lawrence, A letra escarlate, de Hawthorne, A taça dourada, de Henry James. Mais recentemente, os romances de casamento de John Updike - para não falar de montes de novelas de TV e filmes - descrevem uma sucessão de casos suburbanos de classe média. Este livro, ao contrário, não é de ficção. E não está preocupado com os casos em si, mas com os sustentáculos biológicos dos casos, em seres humanos e em outros animais. Mais precisamente, trata do que os estudos mais recentes têm revelado sobre as bases biológicas surpreendentemente fracas da monogamia.

(...)

Neste livro, nos preocuparemos com um leque de seres vivos, em parte porque cada um deles é digno de compreensão e também devido à luz que eles podem lançar sobre nós mesmos. Não nos entenda mal: não se argumentará que os marsupiais de focinho peludo mostram um determinado padrão sexual que as pessoas também demonstram. Argumentos desse tipo são absurdamente ingênuos, no mínimo porque há uma extraordinária variedade no mundo animal. Entre as chamadas espécies de aves que utilizam leks (arenas de reprodução), por exemplo, os machos reúnem-se em um trecho cerimonial do chão, e cada macho defende um pequeno território; em seguida, muitas fêmeas diferentes se acasalam preferencialmente com um daqueles machos, em geral o que ocupa o lek mais central e cujas exibições são especialmente intensas. (Aqui não há ligação de par.) E existem os chimpanzés pigmeus, também conhecidos como bonobos, que se envolvem no que parece ser uma maratona sexual liberada a todos. Novamente, não se vê nada semelhante à monogamia... e esses são nossos parentes animais mais próximos.

Por outro lado, há casos de parceria social e sexual de toda uma vida que poderiam fazer vacilar os defensores mais ferrenhos do vínculo macho-fêmea íntimo, intenso e totalmente fiel: não são muitos os seres vivos que participam, por exemplo, da monogamia extrema demonstrada pelo verme Diplozoon paradoxum, um parasita de peixes cujos parceiros se encontram enquanto são larvas adolescentes virgens, momento em que literalmente se fundem pelo meio do corpo e em seguida tornam-se sexualmente maduros; eles então permanecem "juntos" (em qualquer sentido da palavra) até que a morte os separe - em alguns casos, anos depois disso. Os exemplos citados vão de aves a mamíferos e invertebrados. E, no entanto, não está totalmente claro o que é mais "relevante" para os seres humanos. Se por relevante quisermos dizer que proporciona um modelo ou - pior ainda - um conjunto de regras ou algum tipo de premonição evolutiva para nosso "eu mais profundo", a resposta deve ser uma só: nenhum. Mas, ao mesmo tempo, cada um deles é relevante a sua própria maneira. Não só toda espécie animal lança sua luz singular sobre as possibilidades da vida, como cada uma delas também ajuda a iluminar um aspecto de nós mesmos.

Para a maioria dos leigos, há um viés compreensível em relação aos mamíferos, em especial os primatas. Mas embora a vida de chimpanzés, gorilas, gibões e orangotangos seja fascinante e pitoresca (especialmente os bonobos altamente sexuados, sobre os quais falaremos mais adiante), a verdade é que, quando se trata de semelhança entre a vida dos animais e dos seres humanos, estes incríveis macacos antropomorfos não são assim tão incríveis. As aves - pelo menos algumas espécies - nos informam muito mais.

Isto porque não estamos procurando antecedentes históricos diretos, mas semelhanças baseadas em circunstâncias similares. Em quase todos os mamíferos, inclusive na maioria dos primatas, não aparece a monogamia. Nem os cuidados masculinos com os jovens. Já as aves, embora nem de longe tão monógamas como se pensava antigamente, pelo menos tendem a esse sentido. (Podemos dizer o mesmo dos seres humanos.) E não apenas isso, mas a monogamia social - ao contrário da monogamia genética - tem uma forte correlação com o envolvimento dos pais e das mães na criação dos filhos, uma situação que é comum em aves e muito incomum entre mamíferos, a não ser pelo primata mais semelhante às aves, o Homo sapiens.

Neste livro, não vamos nos concentrar especialmente nos mamíferos (a não ser em nós mesmos). Quando se trata de dispersar o mito da monogamia, a maior parte das descobertas realmente úteis nos últimos anos vem da pesquisa feita por ornitólogos, que, é interessante observar, têm voltado grande parte de sua atenção para as espécies "políginas" (nas quais o arranjo de acasalamento típico acontece entre um macho e muitas fêmeas) ou "poliândricas" (uma fêmea e muitos machos). Só recentemente eles voltaram a atenção para a monogamia, descobrindo que ela é mais um mito do que uma realidade.

(...)

O que aconteceu foi o que se segue. Durante a década de 1930, E. F. Knipling, um entomologista do Departamento de Agricultura dos EUA com idéias de vanguarda, pode ter sentido que os meios "naturais" (isto é, sem inseticidas) de controle de insetos indesejados seriam superiores ao uso disseminado de venenos. De qualquer forma, ele começou a explorar uma técnica promissora: introduzir na natureza machos estéreis de mosca-varejeira, poderiam acasalar com fêmeas selvagens da mosca, cuja descendência não iria se materializar. Funcionou, tornando-se por algum tempo uma das maiores histórias de sucesso do ambientalismo pós-Rachel Carson. Na década de 1960, os machos de mosca-varejeira foram expostos a cobalto radiativo em tanques, e depois disso os insetos eunucos foram lançados pelo ar em uma ampla região junto à fronteira do México com os Estados Unidos. Esta técnica conseguiu eliminar o flagelo da mosca-varejeira C. hominivorax. Porém, o resultado nunca foi reproduzido. Revelou-se que a opção de Knipling por uma espécie-alvo foi feliz (ou cientificamente inspirada): as moscas-varejeiras fêmeas são estritamente monógamas. Ao contrário, sabemos agora que, para quase todos os insetos, uma transa não é suficiente: as fêmeas em geral acasalam-se com mais de um macho, assim, mesmo quando são inundadas por uma tempestade de machos estéreis, é preciso apenas um pequeno número de insetos intatos para que a reprodução prossiga normalmente. E assim a "técnica do macho estéril", apesar de todo o seu apelo ecológico e antipesticidas, não chegou a lugar nenhum.

Ao mesmo tempo, as portas estavam abertas para um insight surpreendente - de que o acasalamento múltiplo é comum na natureza. E aqui está a questão essencial: o acasalamento múltiplo não se refere apenas à conhecida tendência dos machos de procurar várias parceiras sexuais, mas também às fêmeas. Provavelmente o primeiro biólogo moderno a chamar a atenção para esse fenômeno e a reconhecer sua importância foi o britânico ecologista do comportamento Geoffrey A. Parker. Em 1970, no que pode ser verdadeiramente chamado de artigo seminal, Parker escreveu sobre a "Competição Espermática e Suas Conseqüências Evolutivas nos Insetos". De um só golpe, uma nova idéia havia nascido (ou, pelo menos, fora reconhecida). Trata-se de um conceito realmente simples, na verdade um resultado direto do acasalamento múltiplo: em geral os espermatozóides de mais de um macho competirão para fertilizar os ovos de uma fêmea. A competição espermática não se limita, de maneira alguma, aos insetos; encontraram-se exemplos em quase todos os grupos animais... inclusive entre os seres humanos.

David Barash e Judith Eve Lipton

11 fevereiro 2009

Divertimentos

Você ouviu tantas vezes que sexo é pecado, que sempre que você faz amor, esse condicionamento imediatamente surge entre você e sua amante. Você começa a sentir-se culpado e sério. Você está fazendo algo contra todos os grandes religiosos do mundo.

Você está sozinho, um ser humano minúsculo, pequeno e você está contra a história inteira de milhares de profetas e messias de todos os lugares, de todas as nações. Naturalmente você se torna sério e sua seriedade faz você sentir-se morto. Seriedade pertence aos mortos. Você já viu algum morto rindo? Ou mesmo sorrindo? O riso pertence a vida; seriedade é parte da morte.

A pessoa viva é sempre brincalhona, não séria. E porque eu digo que fazer amor não é outra coisa senão diversão... lhe disseram que é pecado e eu estou lhe dizendo que é diversão. A diferença é tamanha que você fica perplexo. Não é pecado, se fosse pecado, a existência o teria criado sem suas genitálias. Qual era a necessidade? A natureza encontraria algum outro modo de produzir crianças.

A existência não é contra o sexo. Você precisa estar cônscio do fato de que isso não é só com relação a humanidade...

Os pássaros, os animais, toda a existência depende do sexo para dar nascimento à vida.
É por isso que digo que sexo é brincadeira, é divertimento. Você não pode aceitar a idéia de diversão devido ao seu condicionamento de que é um pecado. Isso é um salto quântico do pecado para a diversão! Mas que posso fazer? Sexo é divertimento.

Osho - From Death to Deathlessness

09 fevereiro 2009

A Fidelidade é uma virtude facultativa

Monogamia - Monotonia?

A monogamia é uma raridade entre a maioria dos animais. Não é diferente com o homo sapiens. Ou você nunca pensou em trair, bicho?

Sem ela, as novelas não teriam a menor graça – ou seriam muito menos apimentadas. Pense nas milhares de letras de tango e de bolero, nas canções cheias de dor de cotovelo de Lupicínio Rodrigues (nas quais o poeta Augusto de Campos detectou o "sentimento da cornitude"), no romantismo descabelado e crespo de Reginaldo Rossi. Ela aparece em toneladas de filmes, romances, peças de teatro, poemas. Ocupa grande parte das conversas entre vizinhos, amigos e colegas de trabalho. E pode estar dentro de você.

Ela? A infidelidade. Num livro recentemente publicado nos Estados Unidos, o psicólogo David Barash e a psiquiatra Judith Eve Lipton dedicam-se a destruir um mito laboriosamente erigido pela cultura humana: a monogamia. Escrito com enorme graça e fluência, The Myth of Monogamy: Fidelity and Infidelity in Animals and People ("O mito da monogamia: fidelidade e infidelidade em animais e pessoas", ainda inédito no Brasil) é uma bordoada erudita na propalada idéia de que homens e mulheres seriam naturalmente predispostos a viver juntos (sem escapadas) até que a morte os separe. Barash e Lipton mostram que são outras coisas – bem distantes de coloridas certidões de casamento e de funestos atestados de óbito – que costumam unir ou desunir casais.

(...)

Barash e Lipton afirmam que, entre humanos, a monogamia é um mingau fervido com muitas doses de preceitos religiosos (catolicismo a granel), um bocado de pragmatismo econômico (como a necessidade de regular o direito à propriedade privada) e um toque de ingredientes sociais (reconhecimento da prole). E – claro – um punhado de comodismo. "Não é todo mundo que está disposto a freqüentar o instável e arriscado mercado de encontros", explicam os autores. Mais: que, além desses fatores, monogamia existiria única e exclusivamente devido ao empenho isolado e contínuo de cada casal. "O mais poderoso mito que envolve a monogamia é aquele que diz que, ao encontrarmos o amor das nossas vidas, nos dedicaríamos inteiramente a ele", afirma Barash. "A biologia mostra que há um lado irracional e animal no comportamento humano."

A sociedade cria freios para tolher esse "lado irracional", dizem Barash e Lipton. A condenação do adultério pelo sexto mandamento é um exemplo disso. No entanto, a Bíblia contém vários personagens que pulavam a cerca. Consta que o rei Davi mantinha seis esposas e Salomão era notório por suas 700 esposas e mais de 300 concubinas. O imperativo da monogamia, mostram os autores, surge quando as sociedades passam por processos de normatização, como criação de propriedade privada e toda a legislação ligada ao direito de herança e sucessão. O que não quer dizer que isso tenha ocorrido em todas as culturas humanas. Muitas delas, ao contrário, parecem estimular a parceria múltipla.

É o caso da seguinte história, exemplar sobre diferenças culturais. No final do século XIX, um provecto bispo britânico da Igreja anglicana visitava uma aldeia maori nos grotões mais recônditos da Nova Zelândia. Os aborígenes, contentes com a visita, promoveram grandes festividades. A certa altura, um desavisado "cacique", querendo demonstrar hospitalidade, irrompeu em altos brados: "Uma mulher para o bispo!" Pois bem. Vendo a reação de contrariedade no rosto do prelado, o líder maori, sem pestanejar, ordenou: "Duas mulheres para o bispo!"

Desnecessário dizer que, entre os maori, a fidelidade é (como dizia o dramaturgo Nelson Rodrigues, especialista em iluminar as zonas mais esconsas da personalidade humana) uma "virtude facultativa". Como os nativos neozelandeses, a maioria das espécies animais, assim como muitos outros agrupamentos humanos e indivíduos em geral, não são monogâmicos nem inclinados nesta direção. Segundo Barash e Lipton, o fato de não ocorrer monogamia na natureza (e de os machos serem tão volúveis e vorazes em seus apetites sexuais) pode ser explicado por uma contabilidade evolutiva. Esperma é barato, óvulos são caros. Melhor dizendo: um macho normal de qualquer espécie produz milhares de espermatozóides todos os dias e está sempre à disposição para novos intercursos sexuais, ao passo que as fêmeas ovulam bem menos e – em caso de fecundação – têm que arcar com um grande número de responsabilidades, que os pesquisadores costumam qualificar com a expressão "investimento parental".

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Um bocado de gente, como Trivers, acredita que humanos são menos inclinados ao investimento parental que outros animais, o que os tornaria mais propensos à poligamia do que outras espécies. Devido ao seu baixo investimento parental, os machos tendem à volúpia e à variedade – quanto mais, melhor. E existe até um termo capcioso cunhado pelos cientistas, o chamado "efeito Coolidge", inspirado numa passagem da vida de Calvin Coolidge (1872-1933), o trigésimo presidente dos Estados Unidos.

A história conta que o presidente Coolidge e sua mulher visitavam separados uma fazenda modelo no interior dos EUA. Quando o presidente vistoriava o galinheiro, reparou num galo solitário em meio a dezenas de galinhas. Então, o guia observou:

A senhora Coolidge pediu-me para mostrar ao senhor que este galo pode copular várias vezes ao dia.

Sempre com a mesma galinha? – perguntou o presidente.

Não, senhor.

Por favor, então mostre isso à senhora Coolidge! – teria exclamado o presidente.

Verdade ou não, o enredo da anedota que gerou o "efeito Coolidge" pode ser melhor observado em laboratório. A freqüência sexual de um hamster macho declina rapidamente quando ele dispõe de apenas uma fêmea; torna-se lento, pouco receptivo, entediado. Porém, quando se introduz mais uma fêmea no pedaço, ele volta a apresentar apetite sexual. (Alguém aí se identificou com o ratinho?)

Variedade é a palavra de ordem na natureza. A pesquisadora Regina Macedo, do Departamento de Zoologia da Universidade de Brasília, estuda o comportamento sexual das aves brasileiras. Diz que, embora as aves apresentem aquilo que os biólogos chamam de "monogamia social" (ou seja, macho une-se à fêmea durante a estação reprodutiva, constrói o ninho e ajuda na criação dos filhotes), não dá para colocar a mão no fogo pelos bicudos. "Não existe evidência de que todo acasalamento é estritamente monogâmico", afirma Regina. "Às vezes ocorrem cópulas extra-par, que podem gerar filhotes que não pertencem ao macho do casal."

O papel de priapo cafajeste geralmente cabe aos machos. "Claro que mulheres podem trair, mas homens dispõem de muito mais opções", explica David Barash. Tanto que, na maioria das espécies, o que há é a prática da poliginia (o popular harém), ao passo que a poliandria (uma fêmea com muitos machos) costuma ser associada a desvio sexual. "Os homens aceitam muito mais sexo casual do que as mulheres", afirma o psicólogo Ailton Amélio da Silva, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. "E onde há monogamia há traição."

E por que simplesmente as mulheres não se dedicam à prática monogâmica? Afinal, em se tratando de humanos, não dá para reduzir a discussão a critérios biológicos. Há entre nós fatores mais complexos, como o amor. "Mulheres preferem esperar e escolher", explica Barash. Por isso é que às mulheres pode ser atribuída a tarefa de uma seleção mais rigorosa dos parceiros, o que depura a espécie e garante a plena sobrevivência de uma linhagem saudável.

Ao contrário dos homens, cuja estratégia evolutiva é dispersar o sêmen mundo afora, as mulheres optaram por ser objetos de disputa (o que não quer dizer que sejam adeptas da monogamia). Não é à toa que, no vasto mundo animal, é o macho que dispõe de "armas" (penas coloridas, grandes chifres, músculos cultivados em academia), todas surgidas da competição e dos rituais de corte entre machos e fêmeas.

O que nenhuma explicação científica parece dar conta é do componente fundamental de toda relação humana: o amor. Sentimentalismos (e biologia) à parte, é o amor que sedimenta o envolvimento entre dois humanos que se gostam. O amor pode até ser uma invenção cultural – assim como a própria monogamia entre muitas sociedades –, mas o homo sapiens é formado por um feixe de elementos culturais.

"A monogamia é o mais difícil dos arranjos maritais entre humanos", escreveu a antropóloga americana Margaret Mead. A favor da fidelidade conjugal, o máximo que os cientistas conseguiram catalogar até o momento é o caso exemplar do parasita de peixe Diplozoon paradoxum: ele encontra uma larva virgem e se funde a ela. Permanecem juntos para sempre. Até que a morte os separe.

Leandro Sarmatz - Superinteressante

07 fevereiro 2009

Coragem

A palavra coragem é muito interessante. Ela vem da raiz latina cor, que significa "coração". Portanto, ser corajoso significa viver com o coração. E os fracos, somente os fracos, vivem com a cabeça; receosos, eles criam em torno deles uma segurança baseada na lógica. Com medo, fecham todas as janelas e portas – com teologia, conceitos, palavras, teorias – e do lado de dentro dessas portas e janelas, eles se escondem.

O caminho do coração é o caminho da coragem. É viver na insegurança, é viver no amor; e confiar, é enfrentar o desconhecido. É deixar o passado para trás e deixar o futuro ser. Coragem é seguir trilhas perigosas. A vida é perigosa. E só os covardes podem evitar o perigo – mas aí já estão mortos. A pessoa que está viva, realmente viva, sempre enfrentará o desconhecido. O perigo está presente, mas ela assumirá o risco. O coração está sempre pronto para enfrentar riscos; o coração é um jogador. A cabeça é um homem de negócios. Ela sempre calcula – ela é astuta. O coração nunca calcula nada.
Osho

06 fevereiro 2009

A Origem dos mandamentos

Deus perguntou aos Gregos:
- Vocês querem um mandamento?
- Qual seria o mandamento, Senhor?
- Não matarás!
- Não obrigado. Isso interromperia as nossas conquistas.
Então, Deus perguntou aos Egípcios:
- Vocês querem um mandamento?
- Qual seria o mandamento, Senhor?
- Não cometerás adultério!
- Não obrigado. Isso arruinaria os nossos fins-de-semana.
Chateado, mas não derrotado, Deus perguntou aos Assírios:
- Vocês querem um mandamento?
- Qual seria o mandamento, Senhor?
- Não roubarás!
- Não obrigado. Isso arruinaria a nossa economia.
Deus, enfim , perguntou aos Judeus:
- Vocês querem um mandamento?
- Quanto custa?
- É de graça.
- Então manda DEZ!

02 fevereiro 2009

Sem medo

Não importa quem você é.
Não importa qual o caminho que você segue na vida.
Em algum momento você vai precisar que alguém fique junto de você.