27 dezembro 2006

Guerra contra a pobreza

A reportagem de Washington Novaes para o Estadão mostra como a guerra contra a pobreza está sendo perdida. Um dos fatos que mais me chamou a atenção foi que os países desenvolvidos haviam se comprometido, em 1992, a disponibilizar 0,7% do seu PIB para resolver os problemas de fome, saneamento e mortalidade infantil até 2015. Esse valor foi diminuído para 0,22% do PIB e a contribuição dos Estados Unidos foi para 0,1%. Isso quer dizer que tais problemas, nesse ritmo, serão solucionados em reles 276 anos.
Agora, por favor, me perguntem quanto nosso querido país americano, exemplo de democracia e de liberdade de expressão, gasta na indústria bélica ou na guerra contra as drogas?


Destaco uma parte da reportagem:
"Hoje, 1% das pessoas no mundo detêm 40% da riqueza total, enquanto a metade mais pobre da população mundial tem 1% da riqueza; os 2% mais ricos têm 50% da riqueza total. América do Norte, Europa e as áreas mais ricas da Ásia ficam com 90% da riqueza global. Só os Estados Unidos, com menos de 5% da população total, detêm 34% da riqueza."


Pois é, que venha 2007...
Até lá.

26 dezembro 2006

O corpo fala. O corpo pede.


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"É preciso amar, sabe?
Ter-se uma mulher a quem se chegue,
como o barco fatigado à sua enseada de retorno.
O corpo lasso e confortável, de noite, pede um cais.
A mulher a quem se chega, exausto,
e, com a força do cansaço,
dá-se o espiritualíssimo amor do corpo
."
Antônio Maria

23 dezembro 2006

A verdade

"O único meio de viver em paz é colocar-se de um salto acima da humanidade inteira, e não ter nada de comum com ela a não ser uma relação de olhar. Tanto pior! Que comecem a pagar as suas dívidas antes de pregar a caridade. Por ser apenas honestos, antes de querer ser virtuosos, a fraternidade é uma das mais belas invenções da hipocrisia social."
Gustave Flaubert

20 dezembro 2006

Politicagem











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O salário dos mais pobres está definido. Mas hoje, nossos queridos políticos pretendem aumentar um pouquinho seus próprios salários.

Assim, aproveitem essa quente tarde de verão para mandar sua mansagem de apoio a essa medida que vai resolver os problemas financeiros de final de ano de nossos amados representantes.
Segue seus endereços de e-mail:

dep.aldorebelo@camara.gov.br; renan.calheiros@senador.gov.br; dep.cironogueira@camara.gov.br; dep.jorgealberto@camara.gov.br; dep.lucianocastro@camara.gov.br; dep.josemuciomonteiro@camara.gov.br; dep.wilsonsantiago@camara.gov.br; dep.miroteixeira@camara.gov.br; dep.sandrarosado@camara.gov.br; colbertmartins@camara.gov.br; dep.bismarckmaia@camara.gov.br; dep.rodrigomaia@camara.gov.br; dep.josecarlosaleluia@camara.gov.br; dep.sandromabel@camara.gov.br; dep.givaldocarimbao@camara.gov.br; dep.arlindochinaglia@camara.gov.br; dep.inacioarruda@camara.gov.br; dep.carloswillian@camara.gov.br; dep.marioheringer@camara.gov.br; dep.inocenciooliveira@camara.gov.br; demostenes.torres@senador.gov.br; efraim.morais@senador.gov.br; tiao.viana@senador.gov.br; neysuassun@senador.gov.br; dep.beneditodelira@camara.gov.br; ideli.salvatti@senadora.gov.br

"Nós somos um povo honrado que é governado por ladrões."

essa frase foi dita em 1954, por Carlos Lacerda, quando acusava o filho de Getúlio em seu editorial.

Engraçado que se passaram 60 anos e continua a mesma coisa. Ou será que está pior?

18 dezembro 2006

Faça a sua parte

Não achava que fosse possível. Na verdade, ainda penso que não vai dar em nada. Daqui a pouco passa, esquecem. Mas talvez não. A população finalmente se moveu. Os telejornais - pasmem - estão noticiando. Os maiores colunistas dos maiores jornais estão gritando. Ninguém aceita o que está sendo proposto por nossos queridos representantes no Congresso.
Será que este é o começo da mudança? É agora que vamos deixar de ser modestos espectadores de absurdos? Olha ai a tal da esperença... Esperemos que sim. Nossos políticos sempre testaram nossos limites (o meu já foi ultrapassado há muito). Mas, finalmente, talvez tenham passado todos os limites do suportável. Então, faça a sua parte. Dê a sua opinião, mostre seu descontentamento e se mexa.

Segue o link de um manifesto contra o aumento de salários do legislativo.
http://www.petitiononline.com/oeleitor/petition.html

"O Brasil quando sonha sacode Washington; quando se move desloca o Continente e quando acordar abalará o mundo."

John Gerassi – jornalista americano

17 dezembro 2006

ALERTA!

Atenção! Alerta vermelho!!!
A manobra é velha. Lançam um valor absurdo (90%), se ninguém reclamar, passa. Se reclamarem - calma, vamos aumentar só 45%. Dai ninguém mais fala nada.
Abre o olho moçada...

14 dezembro 2006

Gordura trans com os dias contados, pelo menos em NY

Vou citar mais uma vez a coluna do Hélio Schwartsman para a Folha. Hoje ele aborda a proibição da gordura trans nos restaurantes de Nova York.
Gosto de defender todo o tipo de liberdade, mas, ao contrário do que alguns americanos vêm reclamando, a proibição da gordura trans não vai cercear liberdade alguma, a não ser, talvez, com o aumento do preço. Mas isso é totalmente compensado e aceito quando pensamos que vai deixar de ser tão prejudicial a saúde.
Destaco uma parte da pensata:

"
Normalmente, incluo-me entre o que se pode chamar de defensores de liberdades. Acho que as pessoas, desde que devidamente informadas das possíveis conseqüências de suas ações, devem ser livres para decidir se vão beber, fumar ou usar qualquer outro tipo de droga que lhes dê prazer.
(...)
A análise dos dados de 900 enfermeiras que haviam sofrido de problemas coronarianos mostrou que o risco para esse tipo de moléstia praticamente dobrou para cada 2% de incremento no consumo de calorias provenientes de gorduras trans (na comparação com calorias de carboidratos).
(...)
Mesmo estando entre os primeiros a afirmar que não cabe às autoridades decidir o que os cidadãos podem ou não comer, reconheço que o caso das gorduras trans é um pouco mais complicado. É inegável que o "veto" nova-iorquino representa uma ingerência na vida, senão do cidadão, pelo menos dos padeiros e donos de restaurante. Mas ela parece estar dentro dos limites legítimos da regulação. Não vi nenhum defensor das liberdades reclamando do fato de as agências sanitárias estabelecerem limites máximos de radiação na água mineral e de arsênico em alimentos.
Vale lembrar que gorduras trans, ao contrário de drogas, não produzem nenhum prazer especial. O sorvete 'trans' não é mais gostoso do que o 'cis'."


13 dezembro 2006

I´ll be back




















A senadora
Heloísa Helena despediu-se hoje do Senado. Impressionante o respeito que essa mulher ganhou nesses últimos oito anos. Esse respeito veio do empenho de buscar seu melhor para fazer alguma diferença nesse Brasilzão dos políticos/coronéis, mesmo que com idéias radicais.
Fico feliz de ver muitos dos seus grandes adversários prestarem homenagem na sua despedida (Folha Online). Isso comprova o seu valor. Estaríamos muito melhor se houvesse mais HHs do que ACMs no Congresso.
Mas ela volta. Ah se volta...

12 dezembro 2006

Grande Vinícius

Vinícius me faz pensar na vida.
Sei que não amo tanto quanto ele, mas, quem sabe um dia eu chegue perto.


Quem já passou por essa vida e não viveu,

pode ser mais, mas sabe menos do que eu.

A vida só se dá pra quem se deu.

Para quem amou, para quem viveu.

Vinícius de Moraes

08 dezembro 2006

E a barreira caiu...

Falando em Gabeira, a cláusula de barreira foi derrubada pelo Supremo. Agora o PV, mesmo com todos os seus problemas ideológicos, vai poder continuar atuando normalmente no Congresso, bem como os outros partidos pequenos (P-SOL, PC do B e mais uns outros...).
Isso ainda deixa viva a utópica esperança no surgimento de um novo partido político, o que iria suprir a urgente necessidade representativa que o Brasil possui. Para facilitar as coisas, já vou indicando alguns componentes - Eduardo Suplicy, Gustavo Fruet, Paulo Delgado, Cristovam Buarque e o próprio Fernando Gabeira. Esse partido poderia até ser o refúgio para os pensdadores e artistas que ficaram órfãos do PT, tais como: Marilena Chaui, Chico Buarque, Leonardo Boff, Oscar Niemeyer e Luis Fernando Veríssimo.

Planeta bem-passado














Muito boa a entrevista da Folha com Achim Steiner, diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o Ambiente, que foi republicada ontem no site de Fernando Gabeira.
O pessoal fala, fala e fala, mas parece que quase ninguém escuta. Vamos ver no que vai dar...

"O que é o homem na natureza? Nada comparado ao infinito; tudo comparado ao nada."

Pascal

07 dezembro 2006

Give death a better name

A pensata de Hélio Schwartsman para a Folha de hoje, intitulada Direito de morrer, na qual ele discute a eutanásia, me fez lembrar de Timothy Leary. O escritor americano que foi um ferrenho opositor às autoridades políticas do final do século passado e um estudioso sobre substâncias psico-ativas, mas que, ao ter o diagnóstico de sua doença terminal, começou a estudar a morte. Sua frase mais marcante nessa época foi:

"Give death a better name, or die trying. This gonna be my last trip."


06 dezembro 2006

Three Little Birds

Don't worry about a thing,
'Cause every little thing is gonna be all right.
Singin': Don't worry about a thing,
'Cause every little thing gonna be all right!

















Rise up this mornin',
Smiled with the risin' sun,
Three little birds
Sit by my doorstep
Singin' sweet songs
Of melodies pure and true,
Sayin': This is my message to you-ou-ou
Singin': Don't worry 'bout a thing,

'Cause every little thing is gonna be all right.
Singin': Don't worry (don't worry) 'bout a thing,
'Cause every little thing is gonna be all right!











Rise up this mornin',

Smiled with the risin' sun,
Three little birds
Sit by my doorstep
Singin' sweet songs
Of melodies pure and true,
Sayin', This is my message to you-ou-ou:

Don't worry about a thing, worry about a thing, oh!

Every little thing is gonna be all right.















Don't worry!

Don't worry about a thing - I won't worry!
'Cause every little is thing gonna be all right.















Singin': Don't worry about a thing,

Cause every little thing is gonna be all right - I won't worry!

Pretensão demais

Bom, depois de uma análise um tanto quanto pretensiosa de um texto de um dos mestres da literatura, vou aproveitar para definir minha intenção, também ambiciosa, com este blog. Na verdade quero ficar sem delimitações. Livre para poder incluir aqui referências sobre filosofia, poesia, fotografia, publicidade, jornalismo, política, literatura, música, crítica social e por ai vai... Tudo isso para representar o meu "desassossego" com a vida. Sei que estou sendo repetitivo, mas é ou não é pretensão demais?

Homens ou animais?

Escolhi um trecho do livro Provavelmente Alegria, de Saramago, para ser o primeiro texto desse blog.

"Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites, manhãs e madrugadas em que não precisamos de morrer. Então sabemos tudo do que foi e será. O mundo aparece explicado definitivamente e entra em nós uma grande serenidade, e dizem-se as palavras que a significam. Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas mãos. Com doçura. Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a vontade e os limites. Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos ossos dela. Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres como a água, a pedra e a raiz. Cada um de nós é por enquanto a vida.Isso nos baste."

A sua profundidade é imensa e as interpretações são inúmeras. Vamos a minha:

"Na ilha por vezes habitada do que somos" - na maior parte do tempo não percebemos que estamos vivos, não temos essa consciência, só vamos vivendo. Mas perceber que se está vivo é o que realmente diferencia homens de animais.A diferença básica entre os homens e o resto dos animais não é a capacidade de pensar. A maior diferença é que uns têm consciência de que estão vivendo e outros não. A maioria dos seres vivos, tanto aqueles que pensam, quando aqueles que pensam que pensam ou até aqueles que não pensam, não têm percepção da sua existência. Muitas pessoas passam a vida toda sem perceber, sem refletir. Até mesmo quem tem algo dessa consciência, passa a maior parte do tempo, ou da vida, distraído com preocupações cotidianas inúteis. Mas, em alguns raros momentos, param e olham para o céu, ou escutam em uma música, ou percebem em um belo quadro. É esse o momento que mais importa. É quando se sente a vida. Sente que é parte de algo maior e que deve dar o valor certo para isso. É ai, nesse momento, que se diferenciam os homens dos animais. Oscar Wilde tem uma citação perfeita sobre isso: "
Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe."

"Há noites, manhãs e madrugadas em que não precisamos de morrer" - por pior que sejam os problemas, nós podemos superá-los. Seja como for, as alegrias e tristezas fazem parte da vida. Então sabemos que todas as preocupações cotidianas são inúteis, porque o que realmente importa é a percepção de estar vivo. Essas preocupações cotidianas, nos impedem de ver o que realmente importa. Esses são os excessos que escondem a essência da vida.

"Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas mãos. Com doçura. Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a vontade e os limites" - limites é porque somos feitos de terra e pra lá vamos voltar, vamos morrer. Não somos mais do que isso, além de um contorno (corpo) e vontades (mente). Somos essa imperfeição. Mas, mesmo assim, merecemos a felicidade através da simplicidade. Se nós fossemos perfeitos, sem problemas, não seríamos felizes e nem teríamos a chance de ser, porque não daríamos o menor valor para a alegria. Se percebermos isso, poderemos viver a vida em sua plenitude e aproveitar tudo que vem dela.. "até os ossos".

"Libertemos devagar a terra" - deixemos o tempo passar porque isso é inevitável. Mas nunca desperdiçá-lo.

"Cada um de nós é por enquanto a vida. Isso nos baste." - Tudo o que importa é saber que somos vida. Que estamos vivos. Porque isso é tudo que nos basta para sermos completos.

Notícia feliz

Venho noticiar aqui o falecimento de Alexandre Nasser de Melo. Morreu ontem, dentro do Teatro Guaíra, às 21h39min, exato momento em que B.B.King começou a tocar. Não é surpresa, porque um show desse cara muda qualquer um. Alguns, felizmente, não resistem a mudanças tão drásticas e acabam morrendo. É o que aconteceu com o finado Alexandre. Não haverá enterro, porque este que vos escreve tomou seu corpo. Minhas condolências a todos que gostavam dele. Só não garanto que vocês vão gostar de mim...

Sendo assim, meu primeiro ato é iniciar esse blog que só ficava nos planos do velho Alexandre.