31 dezembro 2009

Ano Novo

O Ano Novo esta chegando a nossa estação e nos convidará para mais uma viagem de 365 dias.
Se não puder ser o maquinista, seja o seu mais divertido passageiro.
Procure um lugar à janela e desfrute cada uma das paisagens que o tempo lhe oferecer, com o prazer de quem realiza a primeira viagem.
Não se assuste com os abismos, nem com as curvas que não lhe deixam ver os caminhos que estão por vir.
Procure curtir a viagem da vida, observando cada arbusto, cada riacho, beirais de estrada e tons mutantes de paisagem.
Desdobre o mapa e planeje roteiros.
Preste atenção em cada ponto de parada, e fique atento ao apito da partida.
E quando decidir descer na estação onde a esperança lhe acenou não hesite.
Desembarque nela os seus sonhos...
Desejo que a sua viagem pelos dias desse novo ano seja de primeira classe.

24 dezembro 2009

Jesus, um nordestino

Eu penso que Jesus devia de nascer em Belém, na Paraíba.
Sim, em Belém, perto de Guarabira e vizinho de Pirpirituba. E se não bastasse a vizinhança a indicar a rima e o caminho, perto de Nova Cruz.

Era filho caçula de dona Maria, mulher dona de beleza e que germinava bondade nas pessoas.
Era menino moreno, muito esperto, embalado em rede de algodão cru. Tinha sandálias com currulepo entre os dedos e cajus, em dezembro, a matar a sede.
E seu pastor fora um vaqueiro nordestino, de gibão e perneira e guarda-peito, para livrar as suas carnes da Jurema.
Vieram adorar o Deus-Menino os santos reis entrelaçados de bom jeito: um negro, um índio e um branco português.
Seria fácil encontrar espinhos, para coroar a fronte de de Jesus, e um pau de arara em São José do egito para levá-lo, retirante, para São Paulo.
Um santo feito para as grandes secas!
Meu Deus, meu Deus, por que nos abandonaste, exclamaria enquanto repartia com o povo nu as suas vestes, multiplicadas como pães ou peixes.
Quando criança, o Jesus da Paraíba era carpinteiro como seu pai, fazendo caixões azúis para os anjos do lugar. E proezas num cavalo de pau. Sim, num cavalo de pau, pois seu jumento era muito magro e nem servia para carne de jabá.
Jesus era um menino desnutrido a fazer o bem, desnutrido como os outros da região, onde as coisas só vão na base do milagre ou da força parida da vontade.
Eu penso que Jesus devia de nascer em Belém, na Paraíba!
Diógenes da Cunha Lima

17 dezembro 2009

A camiseta

Ótimo curta que compara a intolerância religiosa dos talebãns com a limitada visão americana de liberdade.

14 dezembro 2009

11 dezembro 2009

A Estrela

Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.
Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.
Por que da sua distância
Para a minha companhia
Não baixava aquela estrela?
Por que tão alto luzia?
E ouvi-a na sombra funda
Responder que assim fazia
Para dar uma esperança
Mais triste ao fim do meu dia.
Manuel Bandeira

09 dezembro 2009

08 dezembro 2009

Absolut World


No Mundo Absolut a moeda é o abraço. Isso me faz lembrar a seguinte paródia. Uma grande verdade sobre as bebidas, convenhamos.

07 dezembro 2009

Playboy confirma: A relação sexual não existe


Até agora eu não sei se quem está aí é a Kendra Wilkinson ou a Holly Madison ou a Bridget Marquardt. Eu sei que a edição é de fevereiro de 2009, nos Estados Unidos, e o fotógrafo também não tenho certeza. Desde que comecei a ler Playboy, é assim. Desconcerto, encantamento, graça, delícia, confusão, deriva. Na minha formação, essa revista sempre foi referência. Grandes entrevistas? Grandes desenhistas? Grandes escritores? Tudo isso, mas, acima de tudo, elas. Peladas, semi-vestidas, à meia-luz, sob o sol, na cama, elas. A Playboy foi a primeira revista a, sem querer e sem perceber, entender Lacan: a relação sexual não existe. Existem os atos sexuais, porém “a” relação plena, total, sem falhas, sem tropeços, sem desequilíbrio, sem dor, sem brigas, não existe. E por quê? Porque a sexualidade humana não é natural, como a dos bichos. A sexualidade humana é totalmente artificial. Por isso o eterno fazer de conta, a eterna busca de um corpo que só existe na fantasia e as reticências para o próximo número, o próximo encontro, o próximo desencontro. Obviamente, a revista nada sabe disso. Ela nasceu para vender a existência da relação sexual, trazendo sempre em suas páginas os mais estapafúrdios conselhos e “dicas” sobre como beijar, o que fazer nas preliminares, o que dizer durante e como sair depois. E aí estava o mais engraçado da revista. Quem seria capaz de levar a sério uma babaquice dessas? A cada número a revista acabava desmentindo, sem querer, os números anteriores, trazendo agora sim, novas e atualizadas técnicas, como se o sexo fosse equivalente a trocar o pneu de um carro, tornando mais ridículo ainda todo esse esforço “editorial” em prol do “máximo” desempenho. Lá vinha o “especialista” pontificar, logo ali a bebida “certa”, um pouco antes, a roupa “adequada”, de repente, o lugar “quente”, encartado, o ranking dos “pontos de encontro”, tudo uma besteirada que ajudou e ajuda os homens e as mulheres a se interessarem mais pelos problemas das fantasias e da sexualidade. Viva a Playboy! A revista que, sem querer, fala do que nada sabe, diz mais do que pretende, se equivoca o tempo todo, e faz a gente tropeçar nas Kendras, nas Hollies e nas Brigites da vida.
Blog do Leonardo Ferrari

03 dezembro 2009

Para voltar a crer

Não faltam motivos para descrer da Humanidade. Vamos combinar que fizemos coisas extraordinárias, mas nossa passagem pela Terra não está sendo, exatamente, um sucesso. Para cada catedral erguida bombardeamos três, para cada civilização vicejante liquidamos quatro, a cada gesto de grandeza correspondem cinco ou seis de baixeza, para cada Gandhi produzimos sete tiranos, para cada Patrícia Pilar dezessete energúmenos. Inventamos vacinas para salvar a vida de milhões ao mesmo tempo que matamos outros milhões pelo contágio e a fome. Criamos telefones portáteis que funcionam como gravadores, computadores - e às vezes até telefones -, mas ainda temos problema com a coriza nasal. Nosso dia a dia é cheio de pequenas calhordices, dos outros e nossas. Rareiam as razões para confiar no vizinho ao nosso lado, o que dirá do político lá longe, cuja verdadeira natureza muitas vezes só vamos conhecer pela câmera escondida. Somos decididamente uma espécie inconfiável, além de venal, traiçoeira e mesquinha. E estamos envenenando o planeta, num suicídio lento do qual ninguém escapará. E tudo isso sem falar no racismo, no terrorismo e no Big Brother Brasil.

Eu tinha desistido de esperar pela nossa regeneração. Ela não viria pela religião, que se transformou em apenas outro ramo de negócios. Nem viria pela revolução, mesmo que se pagasse para o povo ocupar as barricadas. Eu achava que a espécie não tinha jeito, não tinha volta, não tinha salvação. Meu desencanto era total. Só o abandonaria diante de alguma prova irrefutável de altruísmo e caráter que redimisse a Humanidade. Uma prova de tal tamanho e tal significado que anularia meu ceticismo terminal e restauraria minha esperança no futuro. E esta prova virá neste domingo, se o Grêmio derrotar o Flamengo no Maracanã.

Se o Grêmio derrotar o Flamengo, o Internacional pode ser campeão. Mas o mais importante não é isso. Se o Grêmio derrotar o Flamengo mesmo sabendo as consequências e o possível beneficio para o arquiadversário, estará dando um exemplo inigualável de superioridade moral. A volta da minha fé na Humanidade não interessa, Grêmio. Pense no que dirá a História. Pense nas futuras gerações!
Luis Fernando Veríssimo