23 abril 2009

Sexo é energia

A verdade simples é que o sexo é o ponto inicial do amor. O sexo é o começo da jornada para o amor. A origem, o Gangotri do Ganges do amor é o sexo, a paixão - e todo o mundo comporta-se como seu inimigo. Qualquer cultura, religião, guru ou vidente tem atacado este Gangotri, esta fonte, e o rio permanece refreado. O clamor público tem sido sempre este: "Sexo é pecado. Sexo é anti-religioso. Sexo é veneno", e nunca com-preendemos que, no final, é a própria energia sexual que viaja e alcança o oceano interno do amor. O amor é a transformação da energia sexual. O florescimento do amor vem da semente do sexo.
Olhando para o carvão, nunca lhe ocorreria que ele se transforma no diamante. Os elementos contidos num pedaço de carvão são os mesmos encontrados no diamante. Essencialmente, não há nenhuma diferença básica entre eles. Após passar por um processo que leva milhares de anos, o carvão toma-se diamante.
Mas o carvão não é considerado importante. Ao ser guardado numa casa, o carvão é armazenado onde não possa ser visto pelas visitas, enquanto os diamantes são usados ao redor do pescoço ou no peito para que todos possam vê-lo. O diamante e o carvão são a mesma coisa: são dois pontos da jornada de um mesmo elemento. Se você estiver contra o carvão por ele não ter, à primeira vista, nada para oferecer além de fuligem negra, a possibilidade dele se transformar em diamante acaba aí mesmo, O carvão pode ser transformado em diamante. Mas nós o odiamos. E assim, a possibilidade de qualquer progresso é fechada.
Apenas a energia do sexo pode florescer no amor. Mas todo o mundo incluindo os grandes pensadores da espécie humana, está contra ele. Esta oposição não permite que a semente germine, e o palácio do amor é destruído nos alicerces. A inimizade pelo sexo tem destruído a possibilidade de amor. Deste modo, o carvão é incapaz de tornar-se diamante.
Por causa desses conceitos básicos errôneos, ninguém sente a necessi-dade de passar pelos estágios de reconhecimento e desenvolvimento sexuais e pelos seus processos de transformação. Como podemos transformar aquele de quem somos inimigos, a quem nos opomos, com quem estamos continuamente em guerra? Uma batalha entre o homem e sua energia tem sido continuamente forçada. O homem tem sido ensinado a lutar contra sua energia sexual, a se opor contra sua necessidade sexual.
"A mente é venenosa, lute contra ela", tem sido dito ao homem. A mente existe no homem assim como o sexo - e, no entanto, espera-se que o homem fique livre dos conflitos internos. Uma existência harmoniosa é esperada dele. Ele tem de lutar e ser pacífico ao mesmo tempo. Tais são os sentimentos desses líderes. De um lado levam o homem à loucura, e de outro, abrem asilos para tratá-lo. Disseminam os germes da doença e constróem hospitais para curar o doente.
Outra consideração importante é que o homem não pode ser separado do sexo. O sexo é seu ponto inicial; ele nasce dele. Deus fez da energia sexual o ponto de partida da criação. E os grandes homens chamam de pecaminoso o que o próprio Deus não considera pecado Se Deus consi-derasse o sexo pecado, não haveria maior pecador neste universo do que Deus.
Você nunca percebeu que o desabrochar de uma flor é uma expressão de paixão, é um ato sexual? A dança do pavão em plena glória é cantada por poetas, enche os santos de alegria - mas será que eles estão conscientes de que a dança também é uma expressão patente de paixão, que é primaria-mente um ato sexual'? O pavão dança para agradar a quem? Para chamar sua esposa, sua amada. O papiha está cantando; o cuco está cantando; um menino tornou-se adolescente; uma moça está se tornando mulher. O que é tudo isto? Que jogo, que leela é este? Isto tudo são indicações de amor, de energia sexual. Essas manifestações de amor são expressões de sexo transformadas - borbulhantes de energia, declaradamente sexuais.
Através da vida inteira de uma pessoa, todos os atos de amor, todas as atitu-des e premências de amor, são florescimentos da energia sexual primária.
A religião e a cultura derramam veneno contra o sexo na mente do homem. Criam conflitos e guerras; envolvem o homem numa batalha contra sua própria energia básica e o tomam fraco, vulgar, tosco, desprovido de amor e repleto de vazio. A amizade e não a inimizade deve ser feita com o sexo. O sexo deve ser elevado às mais puras alturas.
Enquanto abençoava um casal, um sábio disse à noiva: "Que você possa ser a mãe de dez crianças e, no final, que seu marido seja seu décimo primeiro filho".
Quando a paixão é transformada, a esposa pode tornar-se mãe; quando a luxúria é transcendida, o sexo pode tornar-se amor. Apenas a energia sexual pode florescer numa força de amor. Mas temos incutido no homem antagonismos sobre o sexo, e o resultado tem sido o não florescimento do amor. O que vem depois, o vir-a-ser só é possível pela aceitação do sexo. A corrente do amor não pode jorrar por causa da forte oposição. O sexo, por outro lado, fica se agitando por dentro, e a consciência do homem turva-se com a sexualidade.
A consciência do homem está se tornando cada vez mais sexual. Nossas canções, poemas, pinturas e até as figuras dos templos giram em torno do sexo - isto porque nossa mente também se revolve ao redor do eixo do sexo. Nenhum animal no mundo é tão sexual quanto o homem. O homem é sexual em todas as horas - acordado ou dormindo, em seus hábitos assim como em suas etiquetas. A todo momento, o ser humano está obcecado pelo sexo.
Por causa dessa inimizade pelo sexo, dessa oposição e repressão, o homem está decaindo interiormente. Ele não pode se livrar de algo que é a própria raiz da sua vida, e em função desse constante conflito interior todo seu ser tomou-se neurótico. Ele está doente. Essa sexualidade pervertida, tão evidente no gênero humano, existe por causa desses homens chamados de líderes e santos; são eles os responsáveis por isto. Até que o homem se livre de tais professores, moralizadores, lideres religiosos e de seus falsos sermões, a possibilidade do amor vir à tona será nula.
Osho

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