09 junho 2011

Compartilhando a tristeza com quem merece - Não há de ser nada!









O dia que o Tempo parou, esperando uma história diferente



Todo fato pode ser contado de várias formas. O relato a seguir é apenas mais uma delas:


Tudo se fazia quente na cidade fria. Todos vestiam verde, todos esperançosos com a possibilidade do feito inédito.

Os privilegiados, muito antes da batalha começar, já se reuniam no entorno do front. E as conversas que se ouvia sempre acabavam da mesma forma: dois ou três, a taça é nossa! Palpites ao vento, otimismo obrigatoriamente forçado para conter o nervosismo que pairava.

Os minutos passaram lentos até o espetáculo começar. O front foi sendo preenchido, até lotar. Quando os nomes dos onze soldados foram divulgados, uma nação inteira reprovou. Mas para o Comandante, a lista era a ideal. Assim, fosse o que Deus quisesse! A Nação estaria com eles, para a vida ou para a morte!

A batalha começara, enfim! Verdes no ataque. Ataque, ataque, ataque verde! Gritos, cânticos, apoio incondicional! Contra-ataque mortal... tento adverso. O que era difícil tornou-se hercúleo. Ali, seriam necessários três tentos favoráveis para a vitória absoluta. O gol herético comprovou o ditado: a voz do povo é a voz (e a vontade) de Deus. A Nação estava certa, o Comandante não. Infelizmente! Assim, como quem tarda não deve falhar, quem falha não deve tardar. O erro, para não continuar errado, foi corrigido: substituição na linha de frente, novo guerreiro na batalha!

E não demorou para que a mudança trouxesse resultado - a inacreditável e esperada virada aconteceu! Dos três necessários, dois já estavam conquistados.

Os combatentes adversários sentiram! A partir dali, aprenderam como se pode passar calor com 5ºC de temperatura. Nunca a expressão ‘suar frio’ foi tão bem utilizada.

Fim da primeira etapa, para alívio dos invasores. Do lado certo, se a esperança já era grande no começo, agigantou-se no intervalo! E se o apoio já era maciço, não haveria um só homem indisposto à luta na segunda etapa!

Os guerreiros voltaram, certos da história que seria escrita! Mas o que não sabiam era que a segunda etapa, que começara, jamais acabaria. Como na primeira metade, verdes no ataque. Ataque, ataque, ataque! Gritos, cantos, apoio incondicional! Contra-ataque... tento nefasto adverso. Falha inquestionável de um grande Soldado! Seriam necessários, ali, outros dois sopros divinos para que os fatos encontrassem a justiça.

Os minutos voaram, então. Momentos que ninguém sentiu, despertados apenas pela entrada de novos Guerreiros. Porém, o ânimo de quem via de fora era muito aquém do necessário. A esperança se esvaía como poeira, a voz da Massa já não se ouvia.

Foi aí que um fato marcou a noite. Vinte minutos da etapa final. O que se presenciou ali jamais será repetido. Na linha de ataque, quando o intrépido menino da 5 foi agraciado pela bola, que vinha sendo maltratada pela truculência adversária, e com a perna direita desferiu um golpe certeiro em direção ao ângulo adversário... o Tempo parou! O que nunca havia sido visto até então, foi testemunhado por 32 mil pessoas. Parou! O Tempo parou!

Os relógios, depois disso, não diziam a verdade, e os fatos que se sucederam não foram reais. Tudo porque, naquele momento, o Tempo estava congelado, após ter presenciado a mágica daquele lance. Assim, e ali, viu a angústia de cada olhar virar esperança, e sentiu quando o desânimo virou as costas para não mais voltar.

Era impensável! Logo o Tempo, Senhor da Razão, que nunca havia dado trégua, estava ali, paralisado, bobo, estupefato! Talvez atônito, pela batalha vista. Talvez absorto, por ver o suor de sangue daqueles Guerreiros que não paravam de lutar. Ou, quem sabe, percebeu que, daquele momento em diante, o mundo como se conhece e as coisas como são não poderiam simplesmente continuar da mesma forma. Seria injusto demais! Doído demais! Até para Ele, o Grandioso Tempo!

Mas nem ele pôde mudar o que o Destino traçou. A injustiça fora concretizada assim que o errático homem de amarelo, que tanto amarelou durante a batalha, pediu a bola.

O Tempo, incrédulo com o desfecho que acabara de ver, num momento de incontrolável fúria, desatou-se do Destino, aliado até então inseparável, quebrando a aliança que se fazia eterna. Ali nascia a maior de todas as rivalidades já vistas: Tempo e Destino, inimigos mortais!

A justiça não foi feita. E, por força e imposição Divina, o Tempo, mesmo contrariado, voltou a correr.

Hoje, muitos juram que, do chute do menino e do grito gélido que saiu da garganta da Nação em diante, o Tempo não se deixa esquecer o retrato estilhaçado, fixado naquele momento, emoldurado por todo o sofrer daquela gente, por todos os gritos ensurdecedores silenciados e por toda a expectativa que, pelo Destino, desfez-se. Atestam também, os bons de coração e conhecedores do Tempo, que Ele passou a correr mais rápido ainda, para tentar alcançar a justiça que não se fez presente aquela noite. E, quando outros dizem que a chuva que se viu no dia seguinte foi motivada pela nova frente fria que chegara à cidade, àqueles contestam: não era chuva, afirmam, e sim as lágrimas do Tempo que caíam dos céus.

Um comentário:

Bárbara L. disse...

Minhas lamentações à Nação Alviverde :/ Não há de ser nada!