José Saramago – O Evangelho Segundo Jesus Cristo
26 julho 2007
True lies
25 julho 2007
Moratória aérea, já
"A tragédia de Congonhas decorreu de uma inépcia conjuntural aliada a uma tibieza histórica
O desastre da Gol, dez meses atrás, ficou escondido na floresta. Este, ao contrário, ocorrido numa rua movimentada da mais movimentada cidade do país, converteu-se num outdoor da incompetência governamental brasileira. Se houvesse coragem e vergonha na cara, a partir daquele exato momento em que o avião da TAM escapou da pista, deu um rasante sobre a avenida e foi embrechar-se no prédio do outro lado, deveria ter sido decretada uma geral e inapelável moratória aérea no país. Pousos e decolagens seriam suspensos, em todo o território nacional, pelo tempo necessário para uma ampla e definitiva rearrumação de todas as etapas do tráfego aéreo. Dane-se que famílias se veriam separadas, que autoridades se achariam impedidas de executar suas funções, que negócios deixariam de ser feitos, que muita atividade seria paralisada e muito dinheiro perdido. Dane-se que se condenariam milhões de pessoas a buscar socorro na falida rede rodoviária nacional. Dane-se que o país se converteria em alvo de chacota do mundo – mesmo porque já é. A verdade nua e crua, depois que, no curto espaço de dez meses, foram quebrados dois recordes em matéria de vítimas em acidentes aéreos, é que o Brasil não é um país onde se possa voar de modo seguro, para não falar em conforto e observância de horários. Melhor, sendo assim, é não voar de vez.
A causa ou as causas exatas do acidente ainda demorarão para ser anunciadas, se é que o serão um dia. Aguardam-nos, nos próximos meses, a lengalenga e o empurra-empurra habituais. Mas é certo 1) que a pista principal do Aeroporto de Congonhas, na qual tentava pousar o avião da TAM, foi entregue sem as ranhuras que possibilitam o escoamento da água, depois de ter permanecido fechada, durante meses, para reformas realizadas, precisamente, para prevenir derrapagens, e 2) que dois casos de aviões que derraparam se registraram, nos dias anteriores. Ou seja: é de palmar evidência que a pista não apresentava boas condições. Eis-nos diante de um caso, tão tipicamente Brasil, de obra pública malfeita, ou feita pela metade. Tal circunstância tipifica o acidente como fruto mais do que provável de uma incompetência conjuntural, aliada a uma tibieza histórica.
A incompetência conjuntural é a do governo Lula. Jamais, neste país, se viu governo que combinasse tanta papagaiada com tão pouca ação. Nos dez meses em que, a partir do acidente da Gol, a crise aérea aflorou em toda a sua magnitude, num coquetel que mistura controladores de vôo rebeldes, infra-estrutura deficiente e empresas aéreas sem respeito pela clientela, o presidente rugiu, esbravejou e ameaçou na mesma medida em que tomou providência zero. O que ficou claro, nesse período, foram o caráter decorativo do Ministério da Defesa; a inoperância da Anac, a Agência Nacional de Aviação Civil, vitimada, como as demais agências reguladoras, pela ideológica má vontade petista; o atordoamento da Aeronáutica, perdida entre a defesa dos sistemas pelos quais é responsável e a luta pela preservação de seus nichos na aviação civil; e as artimanhas da Infraero, tão notória pelas lojas que multiplica nos aeroportos quanto pelos escândalos que se esfalfa por manter fora do alcance das investigações. O fato de ter privilegiado uma ampla reforma nas instalações de embarque e desembarque em Congonhas sobre a reforma da pista diz tudo da filosofia da empresa. Ela age como um hospital mais voltado para os bordados nos lençóis do que para manter em ordem os bisturis dos cirurgiões.
A tibieza histórica é a complacência com que, já há muitos governos, se empurra o problema de Congonhas. Não é só inconveniente, é louco ter num aeroporto pequeno, cercado de ruas, trânsito intenso, prédios e casas, o mais movimentado do país. Surge um acidente, como o de 1996, em que um avião da TAM desabou sobre casas da vizinhança, e o problema vem à tona. Em seguida é esquecido. Os passageiros pressionam as companhias aéreas, que pressionam as autoridades, e uma quantidade crescente de vôos vai sendo alocada em Congonhas, para fugir dos mais distantes Cumbica e Viracopos. A conversa de construir um trem expresso para Cumbica, ou mesmo para Viracopos, não serve senão de flauta para encantar os carneirinhos. Se alguma coisa é líquida e certa, neste último acidente, é que, se não fosse em Congonhas, não ocorreria. O avião não encontraria um prédio em sua arremetida. E muito menos um prédio com um posto de gasolina ao lado – até posto de gasolina tem ali, grudado!
O apagão aéreo, desdobrado em dupla tragédia, ocorre no mesmo país em que se moldam as convicções com mensalões, se assalta o Ministério da Saúde com a compra de ambulâncias superfaturadas, empreiteiras conhecem a prosperidade erguendo pontes do nada para lugar nenhum, plataformas de exploração de petróleo fazem jorrar ouro no bolso de espertalhões e o Congresso Nacional serve de homizio para autores de crimes e malfeitorias. Nada, na esfera pública, dá certo."
Roberto Pompeu de Toledo, em Veja
A paciência
24 julho 2007
Destino
"Sou uma céptica que crê em tudo, uma desiludida cheia de ilusões, uma revoltada que aceita, sorridente, todo o mal da vida, uma indiferente a transbordar de ternura. Diz-me, porque não nasci igual aos outros, sem dúvidas, sem desejos de impossível? E é isso que me traz sempre desvairada, incompatível com a vida que toda a gente vive. O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê!"
Florbela Espanca – Cartas a Guido Battelli
23 julho 2007
Política verdadeira
Rui Barbosa
O que seria diferente nesse país se esse rapaz tivesse ganhado a eleição para presidente?
22 julho 2007
Montenegro
Vamos Celebrar
"Eu gosto de andar pela rua
bater papo, de lua e de amigo engraçado
Eu gosto do estilo do Zorro
o visual lá do morro e de abraço apertado
Eu gosto do volume, do perfume
do ciúme, do desvelo e do cabelo enrolado
Eu gosto de artistas diversos
de crianças de berço e do som do atchim
Eu gosto de trem fora do trilho
de andar com meu filho e da cor do marfim
Tem gente, muita gente que eu gosto
que eu quase aposto que não gosta de mim
(...)
Eu gosto de artista circense
de astista que pense e de artista voraz
Eu gosto de olhar pra frente
de amar pra sempre o que fica pra trás
Eu gosto de quem sempre acredita
que a violência é maldita e já foi longe demais
Eu gosto do repique do atabaque
do alambique badulaque do cachimbo da paz
Eu gosto de inventar melodia
da palavra poesia e de palavra com til
Eu gosto é de beijo na boca
de cantora bem rouca e de morar no Brasil
Eu gosto assim do canto do povo
e de tudo que é novo e do que a gente já viu
(...)
Eu gosto assim de quem é eterno
de quem é moderno e de quem não quer ser
Eu gosto de varar madrugada
de quem conta piada e não consegue entender
Eu gosto da risada gargalhada
da beleza recriada pra que eu possa rever
Eu gosto de quem quer dar ajuda
e acredita que muda o que não anda legal
Eu gosto de quem grita no morro
que a alegria é socorro e que miséria é fatal
Eu gosto do começo do avesso
do tropeço do bebum que dança no carnaval
(...)
Eu gosto é de ver coisa rara
a verdade na cara é do que gosto mais
Eu gosto porque assim vale a pena
a nossa vida é pequena e tá guardada em cristais
Eu gosto é que Deus cante em tudo
e que não fique mudo morto em mil catedrais
Eu gosto é de cantar
Vamos celebrar, celebrar, celebrar... Vamos celebrar
Vamos celebrar, celebrar, celebrar... Vamos celebrar"
20 julho 2007
V for Vendetta
'V' de Vingança. Em dias de combate ao terrorismo, bem difícil imaginar um filme cujo herói é um terrorista. A crítica político-social é muito boa. Quem são os culpados pelo rumo de uma nação? São os políticos ou toda a popualação?
Vale assitir também ao making of do filme, que tem entrevista com os reteiristas.
19 julho 2007
Evolução
"Então chega o momento em que a alma se aquece e as contrações involuntárias se alongam por compassados segundos. Ah, o relaxamento profundo, o faiscante brilho no olhar e o incontornável sorriso no rosto. A deliciosa sensação do tempo que pára e problemas que somem. Pois a desejada oportunidade de retornar sempre ao prazer, sem culpas nem traumas, está agora ao alcance de uma geração inteira de brasileiros. Pela primeira vez, o reconforto do sexo é algo igualmente acessível a homens e mulheres, finalmente libertados da moral católica, das convenções sociais e de uma repressão histórica. Antes encarado como um prêmio da relação amorosa, a realização do desejo passou a ser direito de uma juventude que se inicia mais cedo, tem mais parceiros e se casa mais tarde."
Leiam a reportagem, na íntegra, no site IstoÉ.
18 julho 2007
17 julho 2007
A Midiatrix para o Hommer entender
Excelente paródia para explicar conceitos importentes e esquecidos como domínio, influência, simulacro e muitos outros. Aproveitem para ver antes que o Comando Delta descubra.
Governicho Democrático
Não faz muito, cientistas conseguiram aumentar a velocidade da luz, que é de 300 mil quilômetros por segundo. Um feixe de luz produzido em laboratório atravessou uma câmara cheia de gás césio com tanta rapidez, que chegou ao outro lado antes de ter saído, ou saiu antes de ter entrado! Foi outra certeza científica irrefutável - a da velocidade da luz num vácuo como a máxima velocidade possível e uma das constantes invariáveis na Natureza - refutada. A explicação dos cientistas é de que um pulso de luz é formado por ondas e os átomos do gás césio resfriado, usado na câmara, ampliaram a freqüência das ondas mais do que qualquer outro meio de propagação conhecido, e mais até do que o vácuo, teria conseguido. Um experimento parecido poderia ser feito no Brasil substituindo-se feixes de luz por escândalos e medindo a sua duração, segundo o meio que atravessam. Aqui há escândalos que terminam antes de começar, ou então começam e, misteriosamente, desaparecem no caminho. Outros perduram, crescem, vão, voltam e exigem explicação. A diferença entre um fenômeno e outro é a natureza do meio. Num caso, em vez de conduzir o fato ao seu desfecho natural, o meio o absorve, desvia, engaveta ou mata. Foi o que aconteceu com freqüência num passado recente, em que o equivalente ao gás césio resfriado era um conluio de interesses arraigados, conivências tácitas, polícia omissa e imprensa amiga que não deixou nenhum escândalo chegar ao outro lado, ao esclarecimento e à conseqüência, ou sequer aparecer. No outro caso, o meio de propagação é um gás de interesses contrariados, conveniências tácitas, polícia ativa e uma imprensa não tão amiga que faz os escândalos aparecerem.Mas como tanto os escândalos abafados do passado quanto os gritantes de hoje têm um destino comum, não dão em nada, a analogia talvez esteja errada. O que prejudica a passagem do fato para o efeito e do crime para o castigo não é o meio de propagação, é o vácuo moral em que nos acostumamos a viver, com tanta impunidade acumulada e tão cinicamente defendida. Teríamos chegado a um ponto em que investigação completa e punição certa de qualquer caso escandaloso pareceria uma coisa até meio, sei lá, antinatural.
Falando em escândalos. Nos Estados Unidos o lóbi é uma atividade institucionalizada e regulamentada. Existem profissionais do lóbi trabalhando em empresas especializadas com escritórios montados dentro do poder - ou pelo menos no "lobby" do poder - cuja própria ostentação faz parte do seu potencial de persuasão. Quanto menos discreto o lóbi, mais rico e mais influente. O lóbi dá a interesses especiais com dinheiro um poder sobre o poder desproporcional ao do pobre eleitor, que só vota, e assim mesmo de vez em quando. É a negação de qualquer ideal de representatividade democrática, quando não é o seu escárnio. Mas isso depende de como você vê essas coisas ("coisas", aí, incluindo a legitimidade que o exemplo americano dá a qualquer costume político entre nós). O lóbi também pode existir como uma presunção de governantes e legisladores, se não honestos, pelo menos neutros nas suas convicções e compromissos. Abertos à argumentação, venha ela na forma de arrazoados ponderados ou de espécie, ou fins de semana com a patroa em algum resort convincente. O que é melhor, o lóbi institucionalizado cuja função declarada é influenciar opiniões e comprar decisões, ou um lóbi que, como no Brasil, não ousa dizer seu nome? A presunção implícita do lóbi discreto ou mascarado é que ele não adianta muito, os legisladores ou governantes já chegam a seus postos tão comprometidos com interesses especiais que qualquer tentativa de aliciá-los para outros seria um gasto inútil. No Brasil, a vergonha não é o lóbi, mas o lóbi que não se declara e ajuda a manter a ficção de uma democracia ciceroniana de homens especiais dedicados ao interesse geral. Mas isso, claro, também depende de como você vê esse negócio de vergonha."
Luis Fernando Verissimo
16 julho 2007
DANGER
PERIGO TOTAL
Subversiva, pornógrafa, maluca, delirante, ignorante, imbecil, devassa. Pode desenhar Guantánamo, pode desenhar a invasão do Iraque, pode desenhar as prisões secretas terceirizadas em países amigos aonde a tortura corre solta, pode desenhar os macdonalds, pode desenhar as cocascolas. Agora, pinto e xoxota, jamais! É um absurdo isso! Chocante! Prendam essa mulher! Terrorista.
Editora americana rejeita nudez de desenho
Os desenhos realmente são inofensivos. Mas uma editora americana decidiu não publicar uma série de livros para crianças de Rotraut Susane Berner. O problema? Desenhos de seios e de um pênis de meio milímetro.
Franziska Bossy e Elke Schmitter, Der Spiegel in UOL, 12/7/2007
É raro que um livro alemão gere interesse nos EUA, e os livros infantis, em geral, ficam completamente fora do radar. Assim, o deleite foi ainda maior na editora Hildesheimer Gerstenberg quando recebeu um pedido da fornecedora de livros infantis nos EUA Boyds Mills Press, que queria uma série de Rotraut Susanne Berner.
"Foi realmente uma sensação", disse Berner ao Spiegel Online. Entretanto, algumas mudanças teriam que ser feitas antes dos livros serem lançados ao público americano. Na primeira, os fumantes tinham que ser removidos das ilustrações. Mas isso não foi tudo. Uma imagem mostra uma cena de uma galeria de arte - e, por realismo, há um cartum de um nu pendurado na parede e uma estátua minúscula, de sete milímetros, de um homem nu em um pedestal.
As crianças americanas, obviamente, jamais conseguiriam lidar com tal exposição do corpo humano. A editora americana, meio sem jeito, pediu sua remoção.
A autora, nada surpreendentemente, considerou o pedido absurdo. O mini-pinto da estátua, salienta, não tem nem meio milímetro. E a mulher nua pendurada na parede? Não chega nem a ser um retrato realista da anatomia feminina. A editora americana ficou envergonhada de pedir as mudanças, diz Berner, mas tinha ainda mais medo da reação das mães e pais americanos, se "junior" fosse exposto a tal pornografia.
Para a autora, qualquer tipo de auto-censura está fora de questão. Ela disse que poderia até ter colocado barras pretas na frente dos pontos problemáticos, mas que a "censura invisível" era impensável. "Se você vai censurar algo, então o leitor deve ter consciência disso", disse ao Spiegel Online.
A editora americana, porém, não aceitou a proposta - afinal, quem quer chamar atenção das próprias supressões. Ou seja, a Hildesheimer terá que abdicar da honra de ser publicada nos EUA - e as crianças americanas estão seguras da chocante sensibilidade alemã. (...)
Tradução: Deborah Weinberg in UOL.
Pobres crianças. O que seriam delas se existisse liberdade de expressão nos Estados Unidos da América? In Boyds Mills Press we trust!
Fonte: desenhos de Rotraut Susanne Berner in Der Spiegel, 11/7/2007.
13 julho 2007
MANIFESTO
Desde a década de 80 estamos acompanhando, no Brasil, vários avanços significativos no campo do uso de drogas, a partir da adoção gradual da perspectiva da Redução de Danos, seja pelos governos, seja por organizações da sociedade civil, tornando-se inclusive uma política pública oficial no nosso país, regulamentada por decretos, portarias e leis.
A perspectiva da Redução de Danos da qual falamos, está em consonância com princípios fundamentais da promoção da saúde e da cidadania, pautadas em consensos do campo dos Direitos Humanos, especialmente do direito à Saúde, presente na Constituição Federal do Brasil e nos fundamentos e diretrizes do nosso Sistema Único de Saúde – SUS.
A perspectiva da Redução de Danos da qual falamos, tem possibilitado avanços significativos na redução da infecção pelo HIV e hepatites virais; na adoção de estratégias de prevenção, cuidado e auto-cuidado, comprometidas com as pessoas enquanto cidadãs; na possibilidade de tratamento digno e respeitoso, que leve em consideração as pessoas e sua autonomia, também no processo de busca por cuidados à saúde, como tem nos ensinado os processos de reforma sanitária e psiquiátrica.
A perspectiva de Redução de Danos da qual falamos, nos coloca diante do fracasso das concepções e intervenções polarizantes, que simplificam demais a existência humana, evidenciando que a questão não é apenas de ser contra ou a favor das drogas, mas sobretudo é necessário acolher e aceitar as pessoas que usam.
Adotar a Redução de Danos não é incentivar o uso, nem deixar as pessoas usarem - pensávamos que esse era um debate superado. É incentivar o Cuidado, a Saúde e a Cidadania, em suas formas mais poéticas e nas suas formas mais plenas de Direitos.
Como reafirmado em Carta recente da ABORDA – Associação Brasileira de Redutoras e Redutores de Danos, não é admissível o reforço aos “discursos reacionários que consideram à Redução de Danos como uma estratégia duvidosa, e não a política oficial do Estado Brasileiro para o tratamento de questões relacionadas ao uso problemático de álcool e outras drogas, além de suas inestimáveis contribuições ao combate da epidemia de Aids e hepatites entre
pessoas que usam drogas e suas redes sociais”.
Os recentes incidentes e questionamentos acerca da legitimidade, efetividade e eficácia da Redução de Danos, acompanhados a partir da proibição dos folhetos na Parada do Orgulho GLBT de São Paulo e na suspensão de apoio da Fapesp ao Projeto Baladaboa, voltados ao consumo de ecstasy, são inadmissíveis e configuram-se como um retrocesso sem igual.
Assinamos esse Manifesto em defesa da Redução de Danos, da saúde e da cidadania das pessoas que usam drogas, das políticas públicas justas e humanizadas que temos no nosso país, da nova lei sobre drogas, dos decretos e leis municipais que regulamentam a Redução de Danos, da Política de Atenção Integral à saúde de usuários de álcool e outras drogas, enfim, de toda nossa história de construção de uma sociedade digna e democrática.
E que não precisemos outras vezes dizer o óbvio.
Os interessados em assinar esse manifesto ou que desejam receber os Informes da ABORDA devem mandar um email para abordabrasil@yahoo.com.br, com seu nome completo.
12 julho 2007
A Receita Federal Adverte
11 julho 2007
Sometimes, a hug is all what we need
A campanha Free Hugs começou quando Juan Mann teve que voltar para sua cidade natal, Sydney, depois de morar em Londres e passar por alguns problemas. No aeroporto ele ficou observando as pessoas se abraçando. Desejou ter alguém para abraçá-lo, alguém que ficasse feliz por vê-lo. Então ele comprou uma cartolina, escreveu nela “FREE HUGS” e foi a um lugar bem movimentado da cidade. Ficou com o cartaz erguido por 15 minutos, mas todas as pessoas passavam direto por ele. Até que uma senhora parou e lhe disse que tudo que ela precisava era um abraço. Contou que seu cachorro havia morrido naquela manhã e que era o dia em que se fazia um ano que sua filha tinha falecido em um acidente de carro. Eles se abraçaram e ela foi embora com um sorriso no rosto.
Não sei se a historia foi bem assim, mas nesse tempo em que vivemos sofrendo com a falta de contatos realmente humanos, a idéia é muito boa.
10 julho 2007
Freedom
Cecília Meirelles
A Liberdade guiando o Povo - Delacroix, em 1830.
09 julho 2007
Liberté
08 julho 2007
Libertad
"Fala-se muito da liberdade de pensar e eu que não vejo outra coisa senão que escravos de preconceitos, de ignorância e de paixões. O homem não pensa livremente senão quando está disposto a sacrificar tudo à verdade."
Victor Cousin
06 julho 2007
Liberdade
Carlito Maia
05 julho 2007
03 julho 2007
Abre tus ojos
Leo Vaz, em Páginas Vadias
02 julho 2007
Faliu
No 185º ano da independência do Brasil, 183º da instalação da Câmara dos Deputados, 183º da instalação do Senado, 118º da República e 22º da restauração democrática, eis como, na semana passada, se apresentava o Congresso Nacional:
• o presidente do Senado desintegrava-se num redemoinho alimentado pelo sopro cruzado de lobista de empreiteira, pugnaz senhora conhecida como “gestante”, papelório suspeito, bois mais inverossímeis do que o Minotauro e bilhetes lançados ao léu como mensagens de náufrago;
• a Câmara dos Deputados, depois de fazer a viagem de circunavegação em torno de alternativas para o sistema de eleição de seus membros, com escalas na lista partidária fechada e na lista partidária flexível, com o cuidado de passar ao largo, com medo dos escolhos, do voto distrital puro e do voto distrital misto, voltava ao ponto de partida, consagrando como o melhor o sistema atual, em que se vota num candidato mas elege-se outro, empenham-se amazônicos dinheiros nas campanhas, não se faz campanha na TV porque nela não cabem todos os milhares de candidatos, e ao comum dos eleitores não se oferece saída senão votar às tontas e no dia seguinte não lembrar em quem votou;
• o Conselho de Ética do Senado insistia na trama cujo desfecho ideal seria fingir que julga o presidente da Casa e logo absolvê-lo, cujo plano B é arrumar um jeito de mandar o processo para as calendas do Judiciário, cujo plano C é tanto protelar e refugar e remanchar que o assunto venha a ser esquecido, e cuja direção a evitar a todo custo é proceder a um julgamento honesto, com exame de documentos, oitiva de testemunhas e julgadores isentos;
• na Câmara, o deputado Mário de Oliveira (PSC-MG) era acusado de tentar matar o deputado Carlos Willian (PTC-MG), ambos piedosos pastores da mesma denominação evangélica;
• o senador Joaquim Roriz (PMDB-DF), flagrado numa conversa telefônica em que combina com o interlocutor o melhor lugar para a entrega de 2,2 milhões de reais, explicava que pediu emprestados 300.000 reais para pagar um boi, mas – que podia ele fazer? – o amigo só tinha 2,2 milhões para emprestar.
A esses fatores conjunturais juntam-se outros, mais permanentes, como:
• desapareceram do Congresso lideranças e partidos capazes de encaminhar as discussões, construir maiorias, conferir coerência e ordem aos trabalhos. Em face do ambiente caótico e da algaravia paralisante, começa a configurar-se como tendência a opção dos congressistas por abrir mão de suas responsabilidades e empurrar as questões para os plebiscitos. Foi assim quando não se conseguiu chegar a uma conclusão sobre a proibição das armas. E era para o mesmo rumo que se encaminhava, na semana passada, depois da derrota dos projetos sobre o sistema de eleição dos deputados. (Opinião deste autor: o povo tem mais que fazer do que esquentar a cabeça com voto distrital, voto proporcional, distrital misto, lista fechada);
• o Senado apresenta-se corroído pelo caruncho do “suplente”. O “suplente” é um fantasma concebido para o eleitor não se dar conta de que votou nele. Obtém o mandato não com votos, mas, freqüentemente, pelo instituto comercial da venda e compra: financia a campanha do cabeça de chapa e obtém em troca o exercício do mandato quando o titular se ausenta. Uma dúzia de suplentes encontra-se hoje no exercício do cargo no Senado. Alguns deles estão na linha de frente na laboriosa tentativa de fazer evaporar o caso Renan Calheiros;
• continua a ter trânsito franco no Congresso a figura dos malabaristas doutrinários, capazes de amanhecer num partido e anoitecer em outro. O senador escolhido na semana passada para presidir o Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), é um campeão nesse quesito. Acrobata de tirar o fôlego, iniciou carreira na Arena, o partido da ditadura militar, para a uma certa altura descobrir-se comunista e ingressar no PCdoB. Isso depois de passar pelo PDC, pelo PFL e pelo PMDB e antes de retornar ao PMDB;
• o Congresso, graças ao entendimento amplo que empresta ao instituto da imunidade parlamentar, continua o melhor homizio disponível para quem enfrenta problemas com a lei. Para citar um caso, porventura o mais eloqüente, o deputado Paulo Maluf (PP-SP) não pode pisar nos Estados Unidos, onde pesa ordem de prisão contra sua pessoa. Arrisca-se, se pisar em outros países, a ser detido pela Interpol. No Brasil, graças a uma legislação complacente e a uma Justiça generosa em protelações, movimenta-se à vontade. Ainda mais que, mesmo condenado, teria a protegê-lo o muro sagrado da imunidade parlamentar.
Diante do exposto, o autor deste breve inventário, apenas uma pálida seleta dos argumentos que se poderiam invocar no mesmo sentido, cumpre o doloroso dever de informar que o Congresso Nacional faliu."
Roberto Pompeu de Toledo
01 julho 2007
Afeição e doçura
Normalmente ele só é lembrado como um comediante. Isso somente acontece porque não se confere o devido valor crítico a seus filmes ou não se entende o teor irônico de suas piadas (ver “O Garoto” ou “Tempos Modernos”).
Chaplin foi um dos maiores gênios do século passado. Uma parte da genialidade pode ser percebida nesse trecho do filme "O Grande Ditador".
Esse filme é de 1940. Infelizmente ele continua incrivelmente atual, mesmo que tenha sido feito como protesto contra o nazismo. Quem sabe alguma coisinha seria diferente, se lhe tivessem dado um pouco mais de atenção.
Que nos sirva de lição.
obs.: Hannah é o nome da mãe de Chaplin, que sofreu muito durante a vida.