26 outubro 2007


"Pois a tua cabeça dolorida
Tão cheia de quimeras, de ideal,

Sobre o regaço brando e maternal
Da tus doce Irmã compadecida.

Hás-de contar-me nessa voz tão querida
A dor que julgas sem igual,
E eu, pra te consolar, direi o mal
Que à minha alma profunda fez a Vida.

E hás-de adormecer nos meus joelhos...
E os meus dedos enrugados, velhos,

Hão-de fazer-se leves e suaves...

Hão poisar-se num fervor de crente,
Rosas brancas tombando docemente,
Sobre o teu rosto, como penas de aves..."

Florbela Espanca

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