17 março 2008

Hipocrisia americana

O Clube dos Hipócritas
"A história americana é cheia de exemplos do puritanismo perturbando a lei, das bruxas de Salem até hoje. Anthony Comstock, um agitador anti-pornô do século 19, utilizou sua posição de inspetor dos correios para queimar 50 toneladas de livros e 4 mil figuras e desenhos. Ele se gabava de ser o responsável por 4.000 prisões durante a sua carreira e por 15 suicídios. Durante a Proibição, pessoas podiam pegar prisão perpétua por consumo de álcool.
O puritanismo continua acuando o país em novos disfarces. O mais dramático exemplo da nova versão da Proibição na América, a “guerra às drogas”, ajuda a explicar porque um de cada cem cidadãos americanos adultos está na prisão. Mas há uma série de exemplos menores: as escolas impuseram regras de tolerância-zero que resultam em expulsão por qualquer ofensa, enquanto que os cidadãos do Texas não podem comprar vibradores; já os demais cidadãos americanos, estão proibidos de beber até que completem 21 anos.
A combinação de legalismo com puritanismo invariavelmente produz os mesmos sombrios resultados. Ela cria uma máquina governamental burocrática muito expensiva e gigantesca que arrasta, sem nenhuma desculpa – e as regras de comércio inter-estaduais são uma prova disso – seus poderes sobre todos os cidadãos ou os vigia sem parar. Ela constrói rapidamente seus fanáticos zeladores que perseguem suas manias com pouco senso de proporção ou decência (relembre de Kenneth Starr [promotor que tentou o impeachment de Clinton por causa de sua relação com Mônica Lewinski]). No final, essa combinação acaba devorando seus próprios filhos. O ex-governador Spitzer é apenas o último de uma infinita linha de cruzados moralistas empalados em suas próprias espadas.”

Fonte: The hypocrites' club - The Economist, em 13/3/2008.

Nenhum comentário: