Os homens podem com a
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Alguém pode não saber ler ou nunca ter ouvido falar de ética, mas só será feliz se for ético. Ética não é uma condição que a gente tem de atender para agradar a empresa ou ao chefe; não é recitar códigos ou doutrinas.
Ética é o que fica da vida que levamos, das coisas que fazemos todo dia, agora; é o saldo que resta em nosso coração das ações que praticamos. Não se pode aprender ética apenas em livros ou em aulas e, menos ainda, em palestras. Ela está lá no Evangelho de Jesus: no Sermão da Montanha e em muitas outras passagens. Mas não é difícil encontrar a ética dentro de nós, saber o melhor caminho a seguir.
A felicidade de comercial não é sustentável. A satisfação dos cartões de crédito, do consumo, dos vícios ou da corrupção. A felicidade que tira dos outros, diminui muito mais de nós mesmos. Isto não é moralismo, não é pieguice, é realidade! "Ignorante" é o nome dado por Sócrates a quem ainda não sabe disso. Todo mundo vai descobrir que o mal não vale a pena, que o egoísmo não constrói nada, só estraga, destrói. De uma maneira ou de outra vai descobrir disso. A boa vontade será a melhor maneira e a decepção, a pior. . .
Não precisamos sofrer tanto para aprender que a vida é muito mais ajudar e compartilhar do que competir, ferir e derrotar. Quem tem o coração cheio de amor, tem ética, naturalmente. Ética é não estar preocupado com a reputação, mas com o caráter. O comportamento espontâneo, generoso e fraterno, é ética.
Quando a ética não é uma escolha, mas um dever imposto pela consciência, isto é ética. Quando estamos empenhados em dar o melhor de nós e não em sermos os primeiros, isto é ética.
Quando nos esforçamos para ter bondade e não para aparentar bondade, isto é ética. Quando o cuidado com os sentimentos dos outros lapida a dureza das palavras, isto é ética.
Quando olhamos para os outros e nos colocamos no lugar deles, quando vemos Deus nos outros, isto é ética. Quando perdoamos, deixando espaço livre na nossa memória para paisagens de ternura e humanidade, isto é ética.
Quando descobrimos uma qualidade nova em alguém que não gostamos, isto é ética. Quando identificamos em nós algum defeito e enxergamos como a vida é maravilhosa, isto também é ética.
Quando não nos vingamos de quem nos prejudicou, mesmo tento a oportunidade ideal, isto é ética. Quando olhamos os filhos dos outros como nossos próprios filhos e os empregos dos outros como o nosso "ganha pão", isto é ética. Quando sabemos que o dinheiro, o conforto, a posição ou o status de que desfrutamos são apenas privilégios e não direitos, pois podem nos ser tirados a qualquer momento pelo infortúnio, pelo imponderável ou pela morte: isto é ética!
Quando aquilo em que acreditamos não é expresso como uma declaração de princípios, mas sai da nossa boca como poesia, isto é ética! Quando somente conseguimos conspirar pela felicidade dos outros, isto é ética.
Quando sabemos que o amor pela pedra, pelo inseto, pela planta, pela brisa e por todas as coisas, que a ação em benefício de alguém que nem conhecemos e que a gratidão pela vida são tesouros permanentes, isto é ética. Quando sentimos que o amor invadiu cada sílaba que pronunciamos, cada lembrança, cada gesto, olhar e tarefa, enfeitando o templo do coração com as flores do bem, isto é felicidade...
O prof. Emerson Barros de Aguiar é Doutor em Filosofia pela Universidad de Zaragoza (Espanha), Escritor e Professor Universitário em João Pessoa (PB)
"Teu corpo me machuca, quis dizer. Quis dizer que tua procura me enternece. Que quando te abraço, o que seguro firme com os dedos é o desejo de ser desejo teu. Quis contar como as paredes se dobram quando não estás. Que faço quarentenas de ti e que te espero. Mas, no lugar da fala, teço mantilhas para aquecer teu corpo ausente. Faço do cabelo uma trança, concebendo outros nós. As aranhas me acompanham no trabalho de tecer. Vivo entre teias e tramas, aumentando esses contatos da coisa com a coisa mesma. Mas o acúmulo de solidão também é aspereza e é quando vens que posso descansar de mim mesma e dos nós. Chegas com olhos banhados de umas águas antigas, em silêncio, procurando um conforto qualquer que te deixe quieto. Vens para te esvaziar. Enquanto te espero para iluminar a casa, dar corpo ao tecido, soltar o cabelo, ficar completa. Vens buscar brandura do contato ameno, enquanto eu inteira anseio pelos arranhões e os aprisionamentos breves do atrito. Quis te dizer qualquer coisa que aliviasse a minha angustia, qualquer coisa que atrasasse tua partida. Quis encontrar alguma fala, para dar um sentido talvez bonito, talvez suave, de me ver tão sôfrega de nós e atritos ao lado de ti, sempre tão ameno e grato de teus contatos com o nada."