17 março 2009

Vagabundo espiritual

Entrevista da revista IstoÉ com Deepak Chopra.

ISTOÉ – Qual é a base de sua teoria?
Deepak Chopra – Tudo gira em torno de como a consciência funciona. Consciência é o princípio básico, enquanto mente e realidade física vêm em segundo plano, como consequência de uma realidade mais profunda.

ISTOÉ – Mas como isso funciona e pode vir a curar doenças através do poder da mente?
Chopra – Não é a mente, mas a consciência, que é mais básica. Mente são os pensamentos e consciência é a capacidade de estar consciente. Claro que a mente é um componente da consciência, mas há muitos outros: intuição, criatividade, compreensão, conhecimento, imaginação, inspiração, discernimento, intenção, sabedoria. Quando se fala em mente e pensamentos, isto é um tanto superficial. Eu conheço os equívocos que as pessoas têm sobre meu trabalho. Dizem: "Tem a ver com pensamento positivo." Não. Pensamento positivo pode ser perigoso, estressante, artificial, ou uma dissimulação, se você não se sente positivo e tenta parecer.

ISTOÉ – E como isto pode resultar em cura?
Chopra – Quando há uma mudança em sua consciência, há uma mudança em sua fisiologia. Por exemplo, quando alguém está dormindo, sua fisiologia é distinta da de quando está sonhando ou acordado. Há mudanças nas funções do cérebro e do corpo. Quando você tem uma certa intenção ou desejo, espontaneamente acontece uma atividade eletromagnética e química no cérebro que é percebida em todas as partes do corpo. Os músculos estão ouvindo o que acontece dentro de você, eles têm uma consciência, tomam decisões, possuem memória. Ao mesmo tempo, seu corpo funciona como uma farmácia. Produz substâncias químicas que são drogas melhores do que as disponíveis hoje, feitas na medida e no tempo certos para o órgão certo, sem efeitos colaterais. E todas as instruções estão numa área, que é a consciência.

ISTOÉ – Especialmente para as pessoas religiosas, atingir a cura por este caminho é um milagre.
Chopra – Não tem nada a ver com milagre. Milagre é apenas algo que a gente não tem uma explicação, quando se tem uma explicação nós chamamos de ciência. Os milagres de ontem são a ciência de hoje e os milagres de hoje serão a ciência de amanhã.

(...)

ISTOÉ – Há uma relação entre sucesso e felicidade?
Chopra – Não há uma conexão direta, embora é verdade que aqueles que têm dinheiro são mais felizes do que os que não têm. Porque se você é pobre a única coisa em que pensa é em dinheiro.

ISTOÉ – Não é possível imaginar que pessoas na pobreza estejam em harmonia.
Chopra – Não estão. A pobreza é uma grande doença de nossa civilização e precisa ser atacada de uma maneira criativa. A maneira tradicional tem sido colocar os pobres dentro de um sistema assistencialista e estimular a dependência deles do Estado. Isto é algo em que eu estou muito interessado, despertar a consciência de prosperidade. De onde vem o dinheiro? Eu tenho um amigo que trabalha com Internet e em um dia ele fez US$ 1,4 bilhão. De onde isso vem? O que é o dinheiro? Dinheiro é nada sem a consciência do quanto a gente vale. O fato é que precisamos encontrar soluções criativas para acabar com a pobreza. Há riqueza suficiente no mundo para suprir as necessidades de todos.

ISTOÉ – Por que o sr. não gosta de ser chamado de guru?
Chopra – Eu vou desistir, me chame da maneira que quiser (risos). Muita gente tem esta idéia, é uma palavra muito limitada. Mas usam por causa da Índia. Eu não penso em mim como indiano, mas sim como ser global.

ISTOÉ – A globalização o ajuda a ser mais popular?
Chopra – Certamente, a informática, a Internet e Larry King deram uma grande contribuição para a minha carreira.

ISTOÉ – O sr. é apresentado como filósofo, pensador, escritor, guru, reparador de corpo, mente e espírito. Como o sr. se define?
Chopra – Um cigano, um vagabundo espiritual.

Nenhum comentário: