03 setembro 2010

Politicagens e lugar-comum



O processo eleitoral realmente mexe conosco.

Além de todas as discussões que emanam do próprio exercício da democracia, outras bem mais profundas se fazem presentes.



-Você vota em quem?

-Voto na Dilma.

-Na Dilma?! Mas por que na Dilma?

-Oras, porque a Dilma será como o Lula.

-Mas a Dilma não é o Lula!

-Sim, mas ela foi indicada por ele... e ela é mulher! Isso é muito bom!

-Mulher por mulher, por que não a Marina?

-A Marina? Não, não está preparada.

-Não está?! Ela foi senadora! E ministra, assim como a Dilma! Além disso, já deu provas de honestidade, de competência e de ideologia!

-Não sei... ela é tão sem sal! Tem cara de evangélica!

-Ela é evangélica...

-Taí um bom motivo para não votar nela!

-...



Motivos! Vários! Cada um tem o seu. Não voto no Beto porque as ruas estão completamente esburacadas! Não voto no Osmar porque ele está com a Dilma. Não voto na Dilma, ela tem um passado condenável na militância estudantil. Não voto no Serra, pois ele não me engana com esses sorrisos falsos. Não voto no Plínio, nem no Salamuni, Bergmann ou no democrata cristão. Nem tampouco no Robinson, Américo, Levy, Ivan, Avanilson. Política, minha gente! E viva a democracia!


Por isso eu não me aborreço quando alguém diz que vota em um candidato diferente do meu. Fico triste, sim, quando os argumentos para o voto são fracos ou comprados dos marqueteiros. Mas o que eu lamento, de verdade, é a falta de interesse que a maioria dos brasileiros têm pelo assunto. É a ausência de conhecimento político, de estrutura escolar para se criar um pensamento crítico a respeito de um determinado candidato. Sobre isso, o ótimo vídeo abaixo transporta um pouco do que eu quero dizer:




Por esses muitos brasileiros que não se interessam ou que foram forçados a não se interessarem, todos pagamos e sofremos pelos desmandos e falcatruas realizadas pelos seus eleitos.


A carga tributária brasileira é uma das mais altas do mundo. Em contrapartida, quem depende dos serviços públicos para qualquer coisa – QUALQUER COISA MESMO!! – está em maus lençóis. Filas se formam em hospitais e postos de saúde. A segurança pública é tão pífia que, entre a polícia e os bandidos, não sabemos quem devemos temer mais. O ensino público é precário, desestruturado por péssimos salários e por políticas que objetivam apenas números. Quer saúde, educação e segurança de qualidade? Pague! Quer lazer, conforto e cultura? Use os 50% que lhe cabe! Os outros 50% serão muito bem usados em viagens para o exterior, onde as coisas funcionam!


Por tudo isso, votar com consciência é fundamental! Não é apenas a nossa vida que dependerá das decisões políticas do nosso candidato. É a vida dos nossos pais, filhos, netos, dos nossos amigos e da empresa onde trabalhamos. O nosso futuro dependerá desse cara que sorri e faz promesssas! Por isso, não vamos acreditar em qualquer bobagem! Vamos pesquisar, fuçar, mexer na vida do cara! Vamos ver o que ele já fez, como é a vida dele, para que depois não tenhamos surpresas desagradáveis ou a simples continuidade do círculo vicioso.


Dia desses, um dos nossos deputados saiu a noite, bebeu, e na volta acabou causando um acidente que matou duas pessoas. Assim, fica o recado: não beba antes de dirigir, mas pense antes de votar!


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