28 novembro 2007

Consciência

Querido Osho,

Você nos fala para sermos conscientes em tudo, o que significa ser um observador de todas as coisas, de todo ato. Quando eu decido concentrar-me no trabalho, eu perco a consciência, e quando eu me torno consciente de que eu não estava consciente, eu sinto culpa. Eu sinto que eu cometi um engano. Você poderia explicar?

"Esse é um dos problemas enfrentados por todo mundo que está tentando estar consciente enquanto trabalha, porque o trabalho exige que você deva se esquecer de si próprio completamente. Você deve estar envolvido nele tão profundamente, como se você estivesse ausente. A não ser que esse total envolvimento esteja presente, o trabalho permanece superficial.

Consciência, enquanto se está trabalhando, necessita de um tremendo treinamento e disciplina e a pessoa tem que começar com ações bem simples.

Caminhar, por exemplo. Você pode caminhar e pode estar consciente de que está caminhando, cada passo pode ser cheio de consciência. Comendo... exatamente do jeito que se toma chá nos mosteiros Zen. Eles chamam de 'cerimônia do chá' porque bebendo chá, aos poucos, a pessoa tem que permanecer alerta e consciente.

Essas são pequenas ações, mas para começar elas são perfeitamente boas. A pessoa não deveria começar com alguma coisa como pintura, dança, pois esses são fenômenos muito profundos e complexos. Comece com pequenas ações da rotina diária da vida.

Na medida em que você se tornar mais e mais acostumado a estar consciente, a consciência vai se tornar exatamente como a respiração, você não terá que fazer qualquer esforço por ela, ela terá se tornado espontânea e, então, em qualquer ato, em qualquer trabalho, você poderá estar consciente.

Mas lembre-se da condição: isso tem que ser sem esforço, isso tem que vir espontaneamente. A partir daí, pintando ou compondo música, ou dançando, ou mesmo lutando espada contra um inimigo, você poderá permanecer absolutamente consciente. Mas essa consciência não é a consciência que você está tentando alcançar. Ela não é o começo, ela é a culminação de uma longa disciplina.

Um dia chegará em que não haverá atividade no mundo na qual você não possa permanecer alerta e ao mesmo tempo agir com totalidade. Você está dizendo: 'E quando eu me torno consciente de que eu não estava consciente, eu sinto culpa'. Isso é uma estupidez absoluta. Quando você se torna consciente de que não estava consciente, sinta-se feliz, pois pelo menos agora você está consciente. Em meus ensinamentos não há lugar para o conceito de culpa. Culpa é um dos cânceres da alma. Não há necessidade alguma de sentir culpa, isso é natural.

Consciência é uma coisa tão grandiosa que mesmo se você puder estar consciente por poucos segundos, fique alegre. Não dê atenção àqueles momentos em que você perde a consciência. Preste atenção àquele estado quando você de repente se lembra, ' eu não estava consciente'. Sinta-se afortunado, pois, pelo menos depois de algumas horas, a consciência retornou.

Mude todo o seu foco. É grandioso que você tenha se tornado consciente de que havia esquecido de estar consciente. Agora não se esqueça pelo maior tempo possível. De novo você esquecerá e de novo você se lembrará, mas cada vez, o período de esquecimento se tornará menor e menor.

A consciência se tornará exatamente como a respiração ou a batida do coração, ou a circulação do sangue em você, dia vem, dia vai. Assim, esteja observando, para que você não sinta culpa. Não há motivo para sentir culpa. Toda a humanidade, de alguma maneira, tem se sentido culpada. Isso tem apagado o brilho de seus olhos, isso tem tirado a beleza de sua face, isso tem tirado a graça de seu ser.

Lembre-se de que o homem é frágil e fraco e errar é humano. As pessoas que inventaram o provérbio 'errar é humano' devem também ter inventado o provérbio 'perdoar é divino'. Eu não concordo com a segunda parte. Eu digo, errar é humano e perdoar também é humano. E perdoar a si mesmo é uma das maiores virtudes, porque se você não puder perdoar a si mesmo, você não poderá perdoar a ninguém mais no mundo, será impossível. Você está tão cheio de feridas, de culpas, como você poderá perdoar o outro?

Qualquer coisa que você fizer, se não for correto, não faça novamente. Se você sentir que isso machuca alguém, não faça novamente. Mas não há qualquer necessidade de se sentir culpado, não há qualquer necessidade de se sentir arrependido, não há qualquer necessidade de se penalizar e torturar.

No começo, muitas vezes, você irá concluir que talvez não seja possível estar trabalhando e estar consciente ao mesmo tempo. Mas eu lhe digo não apenas que isso é possível, eu lhe digo que isso é possível muito facilmente. É só começar da maneira certa. É só não começar com XYZ. Comece com ABC. Na vida, nós perdemos muitas coisas porque começamos errado. Tudo deve ser iniciado a partir de seu próprio princípio. Nossas mentes são impacientes, nós queremos fazer tudo rapidamente. Nós queremos alcançar o ponto mais alto sem passar por todos os degraus da escada. Mas isso significa fracasso absoluto. E uma vez que você fracasse em alguma coisa como consciência, isso não é um fracasso pequeno, talvez você não tente nunca mais. O fracasso machuca.

Assim, qualquer coisa que seja tão valiosa quanto consciência, você deve começar muito cuidadosamente, e desde o princípio, porque a consciência pode abrir todas as portas dos mistérios da existência, ela pode trazer você ao verdadeiro templo de Deus. E vá se movendo muito vagarosamente. É só ter um pouco de paciência, pois a meta a ser alcançada não está muito longe."

OSHO - The Hidden Splendor

Um comentário:

Anônimo disse...

Alexandre!!!!!!!!!!!

Que interessante esta passagem de OSHO. Puxa, a consciência é a alma da nossa libertação do sofrimento, da dor, da culpa.

Vou fazer assim daqui por diante. Devemos, realmente, começar do início e de forma simples, sem comlicações e divagações.

Um grande abraço. Denise.