12 março 2007

Eita democracia

A coluna de Nelson Ascher para a Folha de hoje é algo incrível. Ele, junto com o Mainardi, podiam formar a dupla de ataque do time republicano brasileiro (que está mais para o nosso novo PD). Vejo o Olavo de Carvalho encaixado na meia-cancha desse time - ia rolar um ótimo entrosamento. Podiam aproveitar uns petrodolares do Bush para chamar o Sarney de técnico. Dai pronto, com mais uns guapecas já podiam jogar o paranaense. Mas voltando a questão da coluna... tá certo, o rapaz escreve muito bem. Li uma outra matéria - O jeans da intelectualidade - em que ele é arrogante, mas faz algumas (poucas) críticas interessantes e reais. Já na coluna de hoje ele brincou com a paciência.
Vou citar uma parte para vocês sentirem o drama:
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(...) ciência envolvida (com o aquecimento global) é complexíssima não apenas para os leigos interessados, mas inclusive para os peritos de outras áreas. E, ainda assim, convém aos leigos colocar perguntas mais informadas e também interferir mais no processo decisório que vem depois da ciência. Por quê? Porque a questão do aquecimento global em seu conjunto e nas suas conseqüências transcende a ciência. Ela é política nos seus menores detalhes. Digamos que o ritmo do aquecimento seja um fato inconteste e, mais, que sua principal razão seja o uso de combustíveis fósseis pelo ser humano. Digamos que a ciência e os modelos utilizados sejam muito melhores do que aqueles que, poucas décadas atrás, prometiam-nos uma nova glaciação ou a exaustão dos recursos naturais. Mesmo assim, a resposta à pergunta "o que fazer agora?" não pertence somente aos cientistas nem pode ser delegada a organizações internacionais ou transnacionais, como a ONU, que não contam com nenhuma medida de legitimidade democrática. Entregar-lhes a solução de qualquer problema rende em geral dois resultados paralelos, ambos negativos, a saber, a perpetuação do problema posto e a criação de um novo, que é o fortalecimento dessas instituições em detrimento das raras ainda democráticas que existem no âmbito de uma minoria de países.
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É lógico que a questão do aquecimento global é política. É algo que interfere em tudo e em todas as regiões. Qualquer ser vivo sofre e sofrerá seus prejuízos e por isso só pode ser competência da ONU. O pior é quando coloca os 'Digamos'. Levá-nos a supor que ele não acredita que algo está errado na natureza e que esse fator não é causado pelo modo de vida do ser humano. E mais, ele também deixa questionável a própria ciência que vem apresentando estudos e conclusões confirmando o aquecimento e seus danos. Então eu me pergunto: da onde esse rapaz tira suas grandes conclusões para contrariar a ciência?

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